22 de setembro de 2025

Listar os inimigos do povo

 


A criação e manutenção de listas de inimigos políticos como ferramentas de repressão política não é nova, mas é sinal de deriva autoritária a que nenhum regime nem ideologia está imune.

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As listas contemporâneas de “inimigos do povo” mostram que a visão convencional da Guerra Fria — que associa automaticamente Ocidente a democratização e socialismo a autoritarismo — sempre foi frágil. A tentação de vigiar e silenciar dissidentes não conhece fronteiras ideológicas. A defesa da liberdade académica e de expressão exige hoje o mesmo que exigia em 1957: coragem institucional para proteger o dissenso contra as pulsões autoritárias do momento.


Pôr do sol

 Na Zambujeira do Mar



Outono, bem-vindo


 No outono em Portugal, que vai de 22 de setembro a 21 de dezembro, ocorre uma transição entre o verão e o inverno, com dias mais curtos e noites mais longas, temperaturas a descerem gradualmente e o regresso das chuvas. A natureza reage com a queda das folhas das árvores de folha caduca, que ganham cores vibrantes antes de caírem, e com a migração de aves. Também é a época de colheitas de diversas frutas e um período de maior incidência de ventos e nevoeiros. 

Wikipédia 


Miguel Sousa Tavares opina

 


Andamos todos entretidos nas nossas vidas, tratando do que temos de tratar e discutindo outras coisas, umas importantes, outras não tanto, e não queremos entender ou rendermo-nos à evidência de que, num mundo à parte, um escol de dirigentes políticos endoidecidos se prepara para nos servir uma guerra mundial ao virar da esquina. Uma guerra cujas razões ou inevitabilidade não enxergamos e cujas consequências nem sequer conseguimos imaginar em todo o seu horror.

Não, em vida da minha geração o mundo nunca esteve tão perto da guerra. Não o mundo cuja forma habitual de vida é a guerra — em África, no Médio Oriente ou em disputas religiosas ou tribais por esses tristes trópicos. Mas sim o mundo inteiro, a Humanidade como a conhecemos. Em 1979, a União Soviética, de Brejnev, e o seu sinistro séquito de personagens resolveram instalar mísseis de longo alcance nos limites dos países da Cortina de Ferro, os SS-20, apontados às principais capitais europeias. A NATO convocou uma cimeira de urgência para o seu quartel-general em Bruxelas e eu estive lá a cobrir a reunião para a televisão portuguesa. Foi a célebre reunião em que milhares de manifestantes, vindos de vários pontos da Europa, gritavam “better red than death”, instando os dirigentes da ­Aliança a não responderem à ameaça soviética. Eu, porém, torcia intimamente para que respondessem, e foi o que fizeram: a instalação recíproca dos Cruises e Pershings II americanos apontados ao Leste não só fez re­cuar a ameaça iminente como, a prazo e em consequência, conduziria à implosão da URSS. Gosto de recordar este episódio porque há quem se esforce para nos convencer de que agora estamos exactamente na mesma situação. Mas é falso: primeiro, já não existe a União Soviética, mas sim a Rússia — que, mesmo que alimente veleidades imperiais, não se move por ideologia, mas por interesse nacional, o que é mais racional. Em segundo lugar, a NATO tem hoje 32 e não 12 membros e deixou há muito de ser uma organização militar estritamente defensiva para passar a ser o longo braço armado do cerco à Rússia. E, finalmente, em 1979 os russos tinham-nos na mira de novos mísseis nucleares de longo alcance, enquanto hoje o que leva o primeiro-ministro polaco a declarar que estamos à beira da Terceira Guerra Mundial foram 19 drones, de um total de 450, que, num ataque à zona ocidental da Ucrânia, ultrapassaram a fronteira e caíram no lado polaco, danificando um telhado de uma casa e um tejadilho de um carro. Um “teste”, uma “provocação” ou, melhor ainda, um “ataque”, como logo o classificaram todos os dirigentes nacionais da NATO, o seu secretário-geral e a imprensa que desde a invasão da Ucrânia os segue acriticamente, e que é quase toda. Obviamente, a explicação de um mero erro de cálculo não podia convencer quem se esforça para nos convencer todos os dias de que estamos à beira da guerra e que, se não nos endividarmos perante as empresas de armamento americanas, Putin passará o próximo Verão, não na Crimeia, como Tchékhov e tantos outros russos célebres, mas na Côte d’Azur ou na Comporta.

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Sol e sabedoria







Samba

 OPINIÃO

O samba é cantado na língua do colonizador, e qual o problema?

Meu tataravô paterno chamava-se Pedro, nem primeiro, nem segundo, apenas um homem simples, árabe-ibérico, nascido na fronteira de Portugal com a Galícia. Minha tataravó materna chamava-se Kuiãn, uma mulher da tribo dos Kaingang do Sul do Brasil, que bebia Kiki Koj, bebida fermentada colocada no tronco escavado da araucária em cerimonial para homenagear os mortos.

O samba é cantado na língua do colonizador, e qual o problema?
Não há sabão de coco que vá lavar da minha pele a minha ancestralidade.

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Na cultura Kaingang se valoriza a ancestralidade, com a liderança e a transmissão de conhecimento e tradições sendo passadas através das gerações. Essa era a cartilha em minha casa.

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No PÚBLICO 







Nas capas




 

Opiniões

 No Observador 

Fotografia do Colunista
José Manuel Fernandes

Deixem de conspurcar a palavra genocídio

A guerra em Gaza é uma tragédia, como são 

todas as guerras, mas não é um genocídio. 

Invocar esse crime máximo não é apenas 

errado, é uma forma canalha de explorar 

milenares preconceitos anti-semitas.

Fotografia do Colunista
Patrícia Fernandes

O mal-estar da civilização

Ignorando as lições dos antigos esquecemos 

de que nos cobrimos, via disciplina e regras, 

com as vestes frágeis da civilização. Pior 

do que tudo, foram-nos ensinando que tudo 

o que desejamos é legítimo

Fotografia do Colunista
José Ribeiro e Castro

Israel/Palestina – a escolha do inferno

Os campeões do “genocídio” visam apenas, 

como já se viu em várias circunstâncias, 

difamar e encurralar moralmente os judeus 

tentando justificar retrospetivamente o Holocausto, 

uma mistificação abjecta.

21 de setembro de 2025

Do século XX

Era assim a Sesimbra do século passado. 




Saber e ignorar


 

Leitores do blogue

 Últimas 24 horas 


Diz este filósofo

 


No seu último livro publicado em Portugal, Desejar Desobedecer, o filósofo francês Georges Didi-Huberman reúne reflexões sobre o que ainda nos pode levantar contra o mal e a dominação.

“Os judeus que sabem o que se passa em Gaza e nada fazem esqueceram a sua história”
que ainda nos pode levantar contra o mal e a dominação? O que ainda nos pode encolerizar ética e politicamente? O que devemos fazer com a História? Resgatá-la do esquecimento? Ir em seu (nosso) socorro? Estas são algumas das questões que atravessam Desejar Desobedecer, livro de Georges Didi-Huberman, recentemente lançado. 

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No Público 
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Cedo erguer


 "deitar cedo e cedo erguer, dá saúde e faz crescer".

Que fotos !





 🏆grandes artistas, os autores 🐚

Nas capas




 

20 de setembro de 2025

Coerência


 

Leitores do blogue


 

A minha culinária

BBB (bom, bonito, barato)

Caldeirada de tintureira com tomilho. 



Pacheco Pereira opina

 


Os novos judeus (do Holocausto)

Qualquer pessoa que saiba História é muito prudente nas comparações da actualidade com os anos trinta do século passado. Ela tem o efeito perverso de ocultar o que é novo e permitir comparações enganadoras, e isso prejudica o conhecimento da realidade e torna a acção ineficaz. Muita coisa mudou nestes anos, mas há mecanismos que são os mesmos e há um fundo de repetição, seja, como escreveu Marx, primeiro como tragédia, depois como comédia. O problema é que, muitas vezes, a comédia torna-se tragédia, e como, contrariamente ao lugar-comum, nunca se aprende com a história, estamos sempre a apanhar com variantes da Lei de Murphy: se pode correr mal, é muito provável que corra mal. Mesmo assim, mais vale saber com que linhas nos cosemos, ainda que elas nos cosam mesmo.

Voltemos aos anos trinta, de ascensão do fascismo e do nazismo, que desembocam na terrível Segunda Guerra Mundial. Entre as coisas que são parecidas, encontra-se o clima europeu do acordo de Munique, que, em conjunto com o Pacto Germano-Soviético, abriu caminho para a guerra. Na altura, entregou-se a Checoslováquia e partilhou-se a Polónia. Agora, com a traição americana e a moleza europeia, quer-se obrigar a Ucrânia a render-se em nome da "Paz", com todas as aspas.

E há muito, mas mesmo muito, de semelhante na demonização dos imigrantes nos tempos de hoje. Sem dúvida que há problemas sérios com a imigração e muitos erros cometidos no passado e outros no presente ao lidar com esse processo. Mas não são os problemas reais da imigração, que são problemas de governação, sociais, religiosos e culturais, que tornam os imigrantes o centro de um discurso populista, racista e nacionalista, é outra coisa. E é essa outra coisa que permite a comparação com os anos trinta.

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No PÚBLICO  👈👈

Surpresas


A vida reserva-nos sempre surpresas ...

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Trame, planeje, calcule, postule, o quanto quiser. Sempre existirão surpresas à sua frente. Conte com isso!

Henry Miller