8 de agosto de 2025
Casinha branca
No recinto grande do Santuário de Fátima, esta casinha branca é a capela das Aparições. Será o lugar onde os videntes (três pastores, crianças) foram visitados por uma Senhora vestida de sol ...
Anomalias na visualização do blogue
Opina Miguel Sousa Tavares
Numa jogada de mau gosto, o Hamas decidiu publicar fotografias de dois reféns israelitas em seu poder, famélicos e abatidos, acompanhadas da legenda “eles comem o mesmo que nós”, numa referência à estratégia de fome adoptada pelo Governo de Israel em Gaza. Netanyahu, como era de esperar, saltou logo sobre a oportunidade, acusando o Hamas de barbárie e anunciando a total ocupação de Gaza: esperava, talvez, que a fome que ele inflige a três milhões de pessoas (proibindo-as inclusivamente de pescar no seu mar!) não afectasse a alimentação dos reféns israelitas. E, em Bruxelas, Kaja Kallas, a responsável pela política externa da UE e que jamais teve uma palavra a condenar o genocídio em Gaza, acompanhou Netanyahu na sua indignação e exigiu a imediata libertação dos reféns, sem pedir nada em troca da parte de Israel. Num momento em que finalmente se levantam vozes dentro de Israel a condenar a ofensiva em Gaza — vozes de antigos chefes militares e de segurança, de organizações humanitárias ou do escritor David Grossman, falando também em genocídio —, a UE, enquanto organização, continua a fingir que não estamos a assistir em Gaza à mais sinistra limpeza étnica levada a cabo por um Governo dito democrático. Mas, como disse Yuli Novak, da organização israelita B’Tselem, “isto não poderia acontecer sem o apoio do mundo ocidental”.
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Opiniões
No Observador
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7 de agosto de 2025
Pássaro
Pássaro
Aquilo que ontem cantava
já não canta.
Morreu de uma flor na boca:
não do espinho na garganta.
Ele amava a água sem sede,
e, em verdade,
tendo asas, fitava o tempo,
livre de necessidade.
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Cecília Meireles
As amoras
Talvez este poema já ande por aqui, neste blogue, mas aí vai...
O meu país sabe a amoras bravas
no verão.
Ninguém ignora que não é grande,
nem inteligente, nem elegante o meu país,
mas tem esta voz doce
de quem acorda cedo para cantar nas silvas.
Raramente falei do meu país, talvez
nem goste dele, mas quando um amigo
me traz amoras bravas
os seus muros parecem-me brancos,
reparo que também no meu país o céu é azul.
Eugénio de Andrade
Cantábrico (um poema)
CANTÁBRICO MORAL
En un puerto del norte marinero
andábamos tú y yo y el mes de julio,
mágicamente absortos por dos libros
de luminosa filigrana en prosa
-cara a cara el Belmonte de Nogales
y El obispo leproso de Miró.
De nuevo defendíamos,
con ocio atento, con silencio dulce,
lo mejor de Occidente.
Un verano de locus amenísimo
sin colas ni sudores ni alemanes.
La brisa como un beso salobreño
de un diosecillo-viento mofletudo
huido de algún atlas
con voluntad de estilo.
El olor de los chigres, las gaviotas
cuyo graznido parecía entonces
-casi un cuento moral de Éric Rohmer-
una florida parla de poeta
agradeciendo al cielo por sus dones:
Gracias, Gijón, la mar está encendida.
Alberto Fadón Duarte
São mesmo bons
Três jogadores portugueses estão entre os 30 nomeados para a Bola de Ouro 2024/25, reforçando a afirmação do talento nacional no futebol europeu. João Neves, Nuno Mendes e Vitinha, todos ao serviço do Paris Saint-Germain.
Opiniões
No Observador
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6 de agosto de 2025
Da Argentina (um poema)

Por qué entro en las iglesias
Por el silencio, y contra nadie,
por el silencio húmedo de las iglesias
y sus mosaicos,
por lo que las iglesias le hacen a la luz,
cómo la dulcifican y la tiñen y la devuelven
al lugar del que proviene
por lo que esa luz, antes de irse,
transforma en las estatuas,
en las figuras esmaltadas
y sus manos perfectas
por la perfección, además,
de los confesionarios
en los que nunca me arrodillo
aunque las primeras muecas de la fe
como las del terror
jamás nos abandonen.
Porque en medio de la ciudad
y del ruido
hay silencio,
y porque el silencio es húmedo
y esmaltado
porque casi siempre estoy sola
en las iglesias
donde hasta las flores que se pudren
son hermosas
y porque no entro
con la mirada lacia
de los que van de visita.
VALERIA TENTONI
Recorte de Imprensa
Awdah Hathaleen foi morto na passada segunda-feira por um colono israelita em Umm al-Khair, na Cisjordânia. Professor de inglês, pai de três filhos, ativista pela não violência, havia participado no documentário “No Other Land”, vencedor do Óscar. O documentário retrata a luta dos habitantes de Masafer Yatta contra a expulsão das suas terras. Uma luta judicial que durou anos, mas que foi perdida. Yinon Levi, o alegado assassino, estava na lista de sanções americanas até Trump o retirar em janeiro.
Macron anunciou o reconhecimento do Estado da Palestina. Esta semana, a conferência copresidida por França e Arábia Saudita produziu a declaração de Nova Iorque, afirmando que o reconhecimento do Estado da Palestina é “um passo essencial para a solução dos dois Estados”. Keir Starmer prometeu que o Reino Unido reconhecerá o Estado da Palestina em setembro, se Israel não aceitar certas condições. Passos importantes, mas tardios.
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Os juízes consideram que a Quarta Convenção de Genebra, relativa à proteção dos civis em tempos de guerra, não se aplica integralmente aos territórios ocupados e que os colonatos não violam o direito internacional. A técnica é sempre a mesma: alega-se a segurança e a necessidade militar. Práticas que violam sistematicamente o direito internacional recebem, assim, o carimbo de legalidade ao mais alto nível judicial. Elogiada pelo mainstream internacional, a justiça israelita funciona como instrumento ao serviço da ocupação militar e colonial.
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Awdah Hathaleen morreu numa aldeia que o Supremo Tribunal de Israel já havia condenado. A ocupação da justiça está completa.