Vivemos num individualismo muito cru. As pessoas são levadas a acreditar que a promoção do conforto físico e das aparências é o que mais conta. Existe uma desvalorização do conforto afectivo e moral. Existe a ideia errada de que podemos ser felizes sozinhos ou, pior ainda, contra os outros.
17 de janeiro de 2025
Opiniões
No Observador
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A dedicatória é uma forma de reconhecer que a autoria real e moral de um livro raramente é individual. |
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Dizem-nos que não sabemos o que pensa politicamente o almirante Gouveia Melo. É verdade. Mas, e os outros pré-candidatos presidenciais: sabemos o que pensam? |
Opinião no Expresso
Recorte de Imprensa
Escrevo do bairro gótico em Barcelona. Em 1931, da varanda da câmara municipal aqui à minha frente, Francesc Macià, vencedor das eleições autárquicas, proclamou a independência da Catalunha. A histórica declaração de 279 palavras já foi estudada por toda a gente de todas as formas. Mas há uma frase, logo no começo, que chama a atenção: Interpretant el sentiment i els anhels del poble que ens acaba de donar el seu sufragi, proclamo la República Catalana com Estat integrant de la Federació ibérica.
Ao defender a independência da Catalunha, Francesc Macià também era apologista da sua integração numa federação de estados ibéricos, com Portugal.
É um tema interditado em Portugal. Nenhum partido político defende o iberismo como bandeira. Nenhuma organização não governamental defende esta causa. Nenhum académico dá publicamente a cara pelo tema. Os nossos quase mil anos de história independente, os 150 castelos na fronteira que nos defenderam de Castela e Leão e a vileza com que Espanha uniu as duas coroas entre 1580 e 1640 despertam em nós um ardor patriótico. Eu, que cresci perto da fronteira pré-Schengen de costas voltadas para Espanha, sinto-o também. Uma união ibérica provoca-nos uma reação somática, com regurgitação, hematémese e vómito bilioso.
Mas durante todo o século XIX, os dois lados da fronteira discutiram uma integração económica, cultural e até política.
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Mary Oliver (poetry)
Mary Oliver (born September 10, 1935, Maple Heights, Ohio, U.S.—died January 17, 2019, Hobe Sound, Florida) was an American poet whose work reflects a deep communion with the natural world as well as a belief that poetry “mustn’t be fancy.” Oliver, who had a devoted following, was known for her use of plain language and accessible imagery. In 1984 she won a Pulitzer Prize for the collection American Primitive (1983).
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Outono
os carvalhos pretos
lançam frutos brônzeos
pra dentro de todos os bolsos da terra
poc poc
eles se chocam com os umbrais
com o teto a calçada
enchem as calhas
o fechamento
da velha canção dourada
do ano quase terminado
o que é a primavera toda aquela tenra
coisa verde
comparada com esse
cair de pequenos carvalhos
de cima dos carvalhos
aí as nuvens
acumulando-se grossas no oeste
aí avançando
aí fechando em volta
rompendo ao meio
o silêncio
aí a chuva
atirando sementes de prata
contra a casa
16 de janeiro de 2025
Opina Daniel Oliveira
Agora, é tempo para celebrar a interrupção do massacre, permitindo que o povo mártir de Gaza saia do inenarrável inferno em que vive há mais de um ano e receba o apoio humanitário que um mundo que se demitiu de todos os deveres lhe deve. É tempo para celebrar a libertação dos reféns criminosamente capturados pelo Hamas, que nunca estiveram nas prioridades de Netanyahu. Sabendo que a fatura virá a ser apresentada. Tem sido sempre. Não será seguramente diferente com Donald Trump.
RIP David
Morreu David Lynch: buracos e donuts espalham-se pelo universo
Um post do facebook colocado pela família noticia o falecimento. O realizador — podemos chamar-lhe “surrealista”? — tinha 78 anos
RIP
Noite (poesia)
NOITE
Tens doze anos. No máximo treze.
Sais de casa pela porta dos fundos.
Ainda há tempo. Prometeste
não demorar e não te afastares.
Um dia aprenderás os nomes das árvores.
Bifurcas à esquerda antes do cume.
Segues o caminho entre dois riachos.
Eis Wool Clough. E Royd Edge.
O cume ainda iluminado pelo sol. Mas
já é noite. A noite persegue-te pela encosta acima.
O crepúsculo passa os dedos pelos nós da tua coluna.
Viras o calcanhar. De regresso a casa.
O teu filho dorme na sua cama, grande demais para um berço.
A tua esposa costura e conserta à luz de um candeeiro.
Lamentas muito. Pensaste que ainda
era cedo. Não sabes como ficou tão tarde.
SIMON ARMITAGE
Traduzido por Jorge Sousa Braga
para o Lisbon Revisited: dias de poesia.
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Original
Opiniões
No Observador
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Tantas interrogações
15 de janeiro de 2025
Belíssimos 80 anos
António Homem Cardoso
O jogo mais belo do mundo
Futebol - jogo mais belo do mundo
"Esperança" é a autobiografia do Papa Francisco, a primeira alguma vez escrita por um pontífice, com publicação mundial simultânea nas principais línguas e em mais de 80 países. «O livro da minha vida é o relato de um caminho de esperança que não posso imaginar separado do da minha família, da minha gente, de todo o povo de Deus. É também, em cada página, em cada passo, o livro de quem caminhou junto de mim, de quem nos precedeu, de quem nos seguirá», comenta o Papa Francisco na introdução do livro. «Uma autobiografia não é a nossa literatura privada, é mais o nosso saco de viagem. E a memória não é apenas o que recordamos, mas o que nos circunda. Não fala unicamente do que foi, mas do que será. Parece que foi ontem, mas afinal é amanhã».
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