21 de novembro de 2024

Para Bellum

 



Ser de esquerda



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Se a operação policial exibida pelo Governo para vender perceções de um Portugal seguro é burlesca – a maioria dos detidos foram condutores alcoolizados, sem carta ou cinto de segurança e vendedores de haxixe e canábis (cheira a febre de sábado à noite num país pacato) –, já a convicção de que quem vandaliza um bairro onde vive com apoios do Estado não pode passar impune é tão simples que qualquer socialista a encaixa no princípio republicano de que a lei é igual para todos.

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Ana Sá Lopes tratou no Público: o PS não pode deixar temas como imigração e segurança para o Chega nem para a AD porque, como ali diz o líder do PS/Setúbal (convém ir aos sítios certos para perceber do que falamos), problemas como segurança e imigração existem e têm de ser enfrentados “com realismo e humanismo”: "E não somos menos de esquerda por reconhecê-lo".

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20 de novembro de 2024

A paelha à portuguesa

Tem lulas, camarões e ameijoas


 

Vinho da talha

 
















Em Portugal, o Alentejo tem sido o grande guardião dos vinhos de talha, tendo sabido preservar até aos dias de hoje este processo de vinificação desenvolvido pelos romanos. Ao longo dos tempos, a técnica de fazer vinho em talhas foi sendo passada de geração em geração, de forma quase imutável. Ainda assim, não existe apenas uma maneira de fazer vinho em talhas, variando ligeiramente consoante a tradição local.

Também o crescente interesse dos produtores alentejanos pelos vinhos de talha e a instalação destas vasilhas de barro em algumas modernas adegas, levou à introdução no processo de algumas técnicas e equipamentos que visam facilitar o trabalho sem adulterar a essência da vinificação em talha.


Texto DAQUI 👈👈

Poema de José Régio

 Pérola solta

Sem que eu a esperasse, 

Rolou aquela lágrima 

No frio e na aridez da minha face. 

Rolou devagarinho.... 

Até à minha boca abriu caminho. 

Sede! o que eu tenho é sede! 

Recolhi-a nos lábios e bebi-a. 

Como numa parede 

Rejuvenesce a flor que a manhã orvalhou, 

Na boca me cantou, 

Breve como essa lágrima, 

Esta breve elegia.



Música do Cosmos

 Silenciosa Música do Cosmos


As bocas que estão fechadas não estão caladas

Os braços que estão caídos não estão imóveis

E os olhos que estão voltados não estão sem ver


Homem só homem só 

tu bem me compreendes quando digo 

que não estás só

e bem entendes bem entendes

este longo discurso enchendo o ar

que vem de toda a parte 

e vai a toda a parte eternamente

em surdina


Mário Dionísio 


Recorte de Imprensa

 "VOU FAZER-TE PERGUNTAS ESTRANHAS"


Uma amiga ligou-me ontem, ao final do dia, com a habitual questão: "Como estás?". Depois dos primeiros minutos de conversa sobre as vidas de ambas, atirou-me a frase "vou fazer-te perguntas estranhas". E começou: "Tens uma lanterna em casa? Pilhas? Comida enlatada? Dinheiro vivo? Iodo? Não tens iodo? Devias ter".

Não foi preciso dizer mais nada, e o nosso telefonema não se cingiu às perspectivas trágicas que o escalar do conflito entre a Rússia e a Ucrânia pode ter para o mundo. Porque isso não mudaria nada. Na verdade, passámos o resto do tempo a acertar agendas para o futuro próximo, ainda que de quando em vez ela atirasse um "isto se ainda houver planeta".

Estamos a viver tempos estranhos, ainda que não surpreendentes.

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Outra opinião

 

















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Enquanto contemplava a majestade da floresta amazónica, Biden autorizava a Ucrânia a utilizar os mísseis de longe alcance conhecidos pela sigla, as siglas são inevitáveis na linguagem militar, ATACMS. A dois meses de abandonar a Casa Branca e depois de uma vitória absoluta de Donald Trump. Estranha-se o timing, tarde demais para alguns, em ziguezague para outros. E suprema alegria para os teóricos sentados da guerra que nunca espreitaram um campo de batalha ou observaram os desastres da guerra, assim mesmo, desastres, como nos desenhos de Goya. Enter Stoltenberg, que desde que deixou de ser o patrão da NATO ainda não se remeteu ao prudente silêncio.

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Para os senhores de Davos with Guns, a decisão de Biden é ouro sobre azul. Os fabricantes de armas e os traficantes de armas, e os Estados são os maiores fabricantes e traficantes, o que importa é continuar a produção e venda. Testar as novidades.

Os falcões, segundo uma recente reportagem da revista “Vanity Fair” (por uma vez, pouca Vanity e mais jornalismo) em Washington, num encontro desta gente e da NATO, salivavam à menção de uma terceira guerra mundial, que os falcões consideram inevitável. Se não for na Europa, será na Ásia.

Para este mundo, Trump é o inimigo a abater, e Biden, a fraqueza manipulável de Biden, foi o formidável aliado.



Opiniões

 No Observador 

Fotografia do Colunista
Maria João Avillez

A ideia, os protagonistas e aquele... eu estive lá

São 16 protagonistas de 50 anos 

de democracia, 16 testemunhas

 empenhadas que Maria João 

Avillez entrevistou para o 

podcast do Observador

 "Eu Estive Lá" e agora foram

 reunidas em livro. 

Pré-publicação.

Fotografia do Colunista
André Azevedo Alves

O colapso dos serviços públicos

As mortes alegadamente 

provocadas por falhas no

 atendimento do INEM são 

um acontecimento particular-

mente grave mas não muito

 surpreendente dado o estado 

a que chegaram os serviços 

públicos em Portugal.

Fotografia do Colunista
Miguel Miranda

O outro nome do excedente

Sejamos claros: muitas 

organizações importantes 

não têm recursos à altura 

das suas obrigações, 

provavelmente esses meios 

nem sequer existem. É por 

isso que o outro nome do 

excedente é sub-

-orçamentação.

Outro poema

 



Confiança


O que é bonito neste mundo, e anima,

É ver que na vindima

De cada sonho

Fica a cepa a sonhar outra aventura...

E que a doçura

Que se não prova

Se transfigura

Numa doçura

Muito mais pura

E muito mais nova...


Miguel Torga 

Desalento ?


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Este ano, muitas das mensagens de aniversário chegaram com desabafos de desalento. “Coragem! Este mundo está do avesso”, escrevia uma amiga. “Estou preocupado com o mundo”, acrescentava um amigo. E sempre esta ideia de que o que está à frente é pior, mesmo que o que se deseje seja celebrar esse ano que aí vem. Talvez esteja a ficar velha, pensei. Os velhos sempre acreditaram que o fim do mundo está próximo. E está. A cada morte há um mundo que se acaba. E talvez a proximidade desse final nos faça acreditar que tudo se deslassa e desaba, talvez para que nos custe menos a partida de um lugar que já não é bom.

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E é por aí que temos de ir, sabendo que a cada onda de medo e opressão que se aproxima, cabe-nos dar o peito e mostrar o caminho, porque ele existe, mas apenas se acreditarmos nele. Quando o começarmos a imaginar, ele começará a aparecer. E, então, estas frases de desalento parecerão apenas a memória de umas trevas que já deixámos (outra vez) para trás.


Artigo da Visão  👈👈

19 de novembro de 2024

Prémio Literário José Saramago

Está atribuído o prémio literário José Saramago 2024.




















PARABÉNS FRANCISCO. 👏👏

Mundo Dividido




 Não 'tá fácil ser pessoa.

Recortes de imprensa

 








Opiniões

 No Observador 

Fotografia do Colunista
Helena Garrido

O outro lado da crise na Saúde

Escassez de profissionais, a 

política orçamental no 

passado recente e a 

partidarização das 

entidades públicas 

conjugam-se para 

agravar em Portugal um 

problema europeu.

Fotografia do Colunista
Nuno Gonçalo Poças

Greve à sexta-feira

Há uma multidão de 

revoltados com situações 

como esta das greves 

semanais à sexta-feira 

e respectivo silêncio e 

cumplicidade vindos das 

elites.

Já tinha reparado nisto
































 E concordo plenamente.

Tem a esperança

 


Não se pode viver sem esperança. 

A maioria das pessoas viaja na coberta dos navios

na terceira classe dos comboios

a pé pelas estradas…

A maioria das pessoas.


A maioria das pessoas começa a trabalhar aos oito anos

casa aos vinte

morre aos quarenta.

A maioria das pessoas.


Para todos há pão, salvo para a maioria das pessoas.

arroz também

açúcar também

roupas também

livros também

Há para todos, salvo para a maioria das pessoas.


Não há sombra na terra para a maioria das pessoas

não há candeeiros nas ruas

não há vidros nas janelas.

Mas a maioria das pessoas tem a esperança.

Não se pode viver sem esperança.


Nazim Hikmet


Fonte: RETIRADO DAQUI 👈👈

Casimiro de Brito, poeta

 



Um pouco mais


Esta manhã não lavei os olhos 
- pensei em ti.

Se o teu ouvido se fechou à minha boca 
poderei escrever ainda poemas de amor? 
A arte de amar não me serve para nada.

Um fogo em luz transformado. 
Subitamente, a sombra.

Há dias em que morro de amor. 
Nos outros, de tão desamado, 
morro um pouco mais.


*********

Intensidades 

Cuidado. 
O amor é um pequeno animal 
desprevenido, 
uma teia que se desfia 
pouco a pouco. 

Guardo silêncio
para que possam 
ouvi-lo desfazer-se.

Ainda a América / Opinião

 RECORTE DE IMPRENSA 

















Um dia alguém vai terminar um artigo com a seguinte frase: “E foi assim que o Partido Democrata adotou o populismo como principal força motriz da sua renovação pós-Trump”. Esse texto vai contar a história de como, depois de uma derrota pesada, os democratas se viraram outra vez para a classe trabalhadora, desenhando políticas de fomento das atividades agrícola e industrial e criticando os exageros da globalização, como trocaram o discurso identitário pelo discurso contra a corrupção e se tornaram, também eles, políticos que colocam a América primeiro. Será esta a sinopse do futuro dos democratas?

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Seth London, um dos principais conselheiros de Obama, escreveu três páginas de dura crítica aos democratas, a que o “Politico” teve acesso. A sua mensagem é direta: “O movimento de reforma deve começar com uma rejeição total da política de identidade baseada na raça e nos grupos e com a adoção generalizada de uma política centrada na realização do sonho americano através de ações simples e concretas”.


Ana França, jornalista 

Expresso 

Tudo tem um tempo

 




Admiro quem sabe que, entre o "plantar e colher", existe o "regar e esperar".