3 de novembro de 2025

Protelar


 

Dos ciganos pode dizer-se tudo


Imagine um cartaz que dissesse: "Os judeus têm de cumprir a lei."

Imagine esse cartaz em qualquer lugar da Europa de hoje - ou na dos anos 30. Ninguém teria dúvida do lugar profundo de antissemitismo de onde ele viria, um antissemitismo que manchou a história europeia dos piores crimes cometidos neste continente e que continua ainda vivo e perigoso nos dias de hoje.

Dos ciganos, porém, pode dizer-se tudo. Pode inclusive esquecer-se que eles, os europeus de etnia roma, foram também vítimas do Holocausto -- meio milhão, ou talvez mais, de pessoas assassinadas nas câmaras de gás, entre um quarto e metade da população da etnia nesse tempo. Mas para os ciganos não há a consideração e o respeito histórico que lhes seria devido enquanto vítimas do nazi-fascismo, que também foram.

Esta semana ouvi no plenário do Parlamento um deputado apontar para as galerias e dizer que "ali não estão ciganos, mas polícias e bombeiros". Não me interessa o nome do deputado, porque ele faz isto precisamente para chamar a atenção e já tem demasiada atenção. Mas a questão é: terá ido ele fazer algum teste genético a quem estava nas galerias ou é simplesmente o preconceito que dita que um cigano não poderia ser polícia nem bombeiro? E, no caso de alguma daquelas pessoas ser cigana, por que razão ninguém se incomoda com o terem de viver com o estigma de dividir a sua existência, não passarem por ciganos se forem polícias ou bombeiros ou de qualquer outra profissão e terem de ouvir as piores coisas sobre as suas origens se forem ciganos?

Disse que não me interessa o nome do deputado porque, no caso, a raiz do nosso problema não está só nele. É na naturalidade com que muitos acham que sobre os ciganos se pode dizer tudo. 

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Recortes do EXPRESSO








 

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Sabedoria





 

Uma opinião

 No Observador 

Fotografia do Colunista
Patrícia Fernandes

A outra redenção da democracia

Apesar dos esforços teóricos a natureza 

humana não muda. Se nos dermos ao trabalho 

de a conhecer, em vez de a negar, percebemos 

que não basta acreditar que a democracia 

existe e bater palmas com força.

Nas capas




 

2 de novembro de 2025

Meteoro ?


 

Popularidade

 

A popularidade de Donald Trump junto dos norte-americanos está nos mínimos. A maioria não concorda com a forma como está a gerir o país e acredita que está a ultrapassar os poderes que lhe foram atribuídos, mostra uma sondagem do Washington Post e da ABC News, divulgada este domingo. Mas isso pode não mudar nada nas próximas eleições.

Sabedoria


 

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Grata pelo dia

Hoje tive um almoço de convívio muito agradável, com base em peixes grelhados, saladas, frutas e ainda, como se pode ver abaixo,  tinto do Douro, queijo de Azeitão e bolo de noz.


🙏 Carpe diem 🙏

Filigrana


Gosto disto e tenho duas ou três peças (brincos e pendente para fio). 

Opiniões

 No Observador 

Fotografia do Colunista
Tiago de Oliveira Cavaco

A bandeira nacional da reforma protestante

O português até quando não acredita em Deus, acredita 

numa santidade medieval, fenómeno que divide a 

humanidade entre, dum lado, excepcionais ascetas 

místicos ou heróis políticos, e de outro, o povão.


Fotografia do Colunista
Miguel Morgado

O que o Sudão diz de nós

Sobre o Sudão a notícia fica para o rodapé, ou para 

clips de 30 segundos sem comentários, nem indignações 

activistas. Para o Sudão não vão flotilhas, nem 

caravanas, nem recaem suspeitas de genocídio.


Fotografia do Colunista
Helena Matos

À conta do resgate animal estamos a legalizar uma milícia?

Em nome do bem estar animal passaram a aceitar-se 

situações que causam 

um verdadeiro mal estar humano, como 

esta equiparação do IRA a entidade de protecção 

e socorro até com direito a usar sirenes.

Estender a mão

 


Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente torna-se mais uma. 

O egoísmo unifica os insignificantes.


William Shakespeare

Nas capas




 

1 de novembro de 2025

Opina Miguel Sousa Tavares

 


André Ventura é novo demais para ter conhecido na pele o que foi, no seu sufocante dia-a-dia, o Estado Novo, de Oliveira Salazar.

Mas isso não é desculpa que sirva: eu também não vivi o nazismo mas não finjo não saber o que foi. André Ventura não ignora — apenas mente, omitindo os factos — que o regime anterior era corrupto até à medula, era corrupto por natureza e da forma mais amoral possível. A corrupção não se pagava habitualmente em dinheiro, pagava-se com empregos ou oportunidades de negócio, de um lado, e com lealdade política, do outro. A “cunha”, o “empenho”, a “palavrinha”, era aquilo que o corruptor de baixo buscava, dando em troca juras de fidelidade a Salazar. Era assim, por exemplo, que a PIDE recrutava muitos dos seus, que lhe chegavam pelo empenho do primo do ministro, do chefe local da Legião ou do partido único, ou mesmo do padre da aldeia. Vir para Lisboa trabalhar na PIDE era mais do que um emprego: era uma forma de promoção pessoal e social e um lugar de poder e intimidação. Em troca, os novos recrutas começavam o “estágio” por participarem “voluntariamente” nas sessões de espancamento dos presos políticos, subindo depois na escala da lealdade e das patifarias (e por isso é que em 25 de Abril de 74 não havia pides inocentes). Mas também havia a alta corrupção, aquela reservada exclusivamente aos fiéis do regime, não apenas aos lugares superiores da Administração Pública (onde só se acedia mediante uma jura de fidelidade), como igualmente aos grandes negócios, no continente e nas colónias, depois de demonstrada suficientemente a obediência inquestionável a Salazar. António Champalimaud atreveu-se a discordar e pagou isso com anos de exílio.

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No Expresso 👈👈

Vaidade?



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Leitores do blogue



 

Opiniões

 No Observador 

Fotografia do Colunista
Paulo Ramos

Afrodite, Lucrécio e a memória do corpo

O corpo sabe-o mesmo quando o espírito 

o esquece: lembra-se do mar que deu à 

luz Afrodite, lembra-se da espuma, do 

céu despedaçado; e dos mitos porque é 

feito deles; lembra-se porque precisa 

de morrer.


Fotografia do Colunista
Alberto Gonçalves

A minhoca a que temos direito

Não sei se os políticos se intrometem 

na medida da nossa dependência, 

ou se a nossa dependência 

advém da intromissão dos 

políticos.

Fotografia do Colunista
Jaime Nogueira Pinto

O escudo democrático

Liberalíssimos democratas a defender 

a proibição das redes sociais, esse 

tentacular polvo de caótica e amoral 

informação alternativa, a bem da 

Democracia e da luta contra o 

Fascismo?