20 de maio de 2008

David Mourão-Ferreira

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se envolam tantos anos.

3 comentários:

  1. ...

    um belo soneto sem dúvida.

    (um exercício exorcisante)

    abraço-Te amiga

    ResponderEliminar
  2. Bem verdade...
    por vezes num segundo, tantos anos...

    ResponderEliminar
  3. dos mais belos que conheço.
    (sabes que foi o meu post de encerramento do meu blogue anterior, O Vazio?)

    ResponderEliminar