Agora que passou o Natal, esses dias de estar muito à mesa, em família, e até que venha o ano novo, voltamos às nossas rotinas. Nas minhas rotinas, daquelas que nos aborrecem mas nos vão guiando sem termos de meditar muito para decidir, inclue-se o almoçar num de dois ou três restaurantes cuja comida é satisfatória, não são muito caros e ficam na minha área de circulação habitual. Um deles fica à beira do rio, tem uma sala interior e umas mesas exteriores, numa varanda, onde se espanejam pardais. Os malandrecos já aprenderam a explorar os restos de comida sob e sobre as mesas, sabem perfeitamente o caminho para o interior e, se uma pessoa estiver só, numa mesa de seis lugares - no interior são de seis lugares - eles pousam no canto mais afastado da pessoa a espreitar para o prato. Ora como com companhia, ora sem e, nos dias em que não estou com companhia costumo deitar algo, como uns baguitos de arroz sobre o tampo da mesa. Eles já me conhecem(?), ou conhecem o aspecto do petisco - ainda hoje tive três pardais a partilhar comigo os filetes de pescada com arroz de cenoura. Os empregados da casa nunca fizeram reparo. Gente educada, é o que é.
28 de dezembro de 2009
10 de dezembro de 2009
A ligação à terra
Há muitos anos que não semeio. Mas ainda planto, rego e colho.
São tarefas que me enchem de uma enorme paz. Há duas ocasiões que são particularmente sentidas como laço de apego à terra: a vindima e a apanha da azeitona. Nem o corpo cansado apaga a alegria de colher, a sensação de harmonia com a natureza e a gratidão pelo tanto que nos dá.
15 de outubro de 2009
2 de julho de 2009
25 de maio de 2009
De novo
De novo me foi dado o privilégio de ver florir as acácias, as estevas, as papoilas e as glicínias.
E ao fundo o Tejo que, como o tempo, corre imparável.
A vida e o rio com os seus momentos de acalmia.
5 de maio de 2009
Ainda
Ainda estou avózinha a plenos pulmões. Desde que aqueles olhos maravilhosos despertam e aqueles bracinhos se erguem para mim até à mesma cena no dia seguinte, vivo deslumbrada.
Só vejo outra gente e outros lugares nos fins de semana.
Mas fiz uma breve pausa para ir a este evento. E gostei muito.
É sempre um tempo precioso, o que dedicamos aos amigos e aos livros.
Só vejo outra gente e outros lugares nos fins de semana.
Mas fiz uma breve pausa para ir a este evento. E gostei muito.
É sempre um tempo precioso, o que dedicamos aos amigos e aos livros.
25 de fevereiro de 2009
Imagens
Imagens do meu Carnaval.
Claro que também vi mascarados - miúdos e graúdos.
Tentei mascarar-me de boa pessoa, ando a tentar há muito.
Às vezes chego a pensar que o sou!
12 de fevereiro de 2009
Citando
Entre os escombros
...
Às vezes, e esse às vezes deve ter a ver com a idade como com um penchant para a nostalgia e para o fatalismo, olhamos para os nossos objectos com uma presciência estranha: hão-de sobreviver-nos, hão-de ser para outros a talvez incómoda, talvez demasiado espaçosa memória de nós, hão-de ser avaliados e distribuídos como avaliámos e distribuímos a memória de outros. Alguém escolherá entre as nossas coisas o que vale a pena guardar e o que é lixo, alguém decidirá por nós. É como uma estranha forma de sobrevida, talvez a única disponível: uma fotografia antiga, um móvel na casa de um neto, uma carteira de lagarto na mão de uma sobrinha, cartas de amor numa gaveta.
Fernanda Câncio
in Notícias Magazine (01/02/09)
...
Às vezes, e esse às vezes deve ter a ver com a idade como com um penchant para a nostalgia e para o fatalismo, olhamos para os nossos objectos com uma presciência estranha: hão-de sobreviver-nos, hão-de ser para outros a talvez incómoda, talvez demasiado espaçosa memória de nós, hão-de ser avaliados e distribuídos como avaliámos e distribuímos a memória de outros. Alguém escolherá entre as nossas coisas o que vale a pena guardar e o que é lixo, alguém decidirá por nós. É como uma estranha forma de sobrevida, talvez a única disponível: uma fotografia antiga, um móvel na casa de um neto, uma carteira de lagarto na mão de uma sobrinha, cartas de amor numa gaveta.
Fernanda Câncio
in Notícias Magazine (01/02/09)
2 de fevereiro de 2009
Tarde de domingo
Que fazer numa tarde de domingo cinzenta?
Ontem deu-me para um peculiar encontro: com ALEXANDRE O'NEILL, no Parque dos Poetas, em Oeiras. Por ali estivemos em conversa muda e, depois de nos despedirmos, vim pensando naquele título dele, As andorinhas não têm restaurante. A maioria dos homens também não!
Ontem deu-me para um peculiar encontro: com ALEXANDRE O'NEILL, no Parque dos Poetas, em Oeiras. Por ali estivemos em conversa muda e, depois de nos despedirmos, vim pensando naquele título dele, As andorinhas não têm restaurante. A maioria dos homens também não!
27 de janeiro de 2009
20 de janeiro de 2009
13 de janeiro de 2009
Um livro e um espaço
Mais um pouco de companhia e conversa.
É o que tenho programado para os próximos três ou quatro dias.
Com isto, nada me falta.
9 de janeiro de 2009
Raízes
Fui no começo do ano dar uma volta pelo meu Algarve.
Porque são as que ficam connosco até ao fim, as raízes que cresceram em nós desde que temos memória.
8 de janeiro de 2009
Money, money...
Se há duas coisas em Portugal de que todos (acredito mesmo no todos) desconfiamos é da corrupção instalada em muitas autarquias e dos misteriosos financiamentos aos partidos políticos que sempre vão rendendo, rendendo...
Parece que, para esse peditório, há sempre quem vá dando.
Em 2009, ano de eleições várias, por mera coincidência, propõe-se que os concursos públicos vão ser dispensados para obras até 5 milhões de euros. Ajuste directo, para gastar dinheiro dos contribuintes.
E o rigor?
E a transparência?
Quem beneficia com isso?
Em boa teoria, amigos todos temos...
5 de janeiro de 2009
Urgência de pontes
É urgente lançar pontes de entendimento entre os homens.
Porque todas as guerras são injustas, todos os holocaustos são crime, seja qual fôr o lugar onde acontecem, seja qual fôr o tom de pele das vítimas.