16 de dezembro de 2022

Um poema de Gedeão

 Amostra sem valor 

Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.

Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível;

com ele se entretém

e se julga intangível.


Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,

sei que o Mundo é maior do que o bairro onde habito,

que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,

não pesa num total que tende para infinito.


sei que as dimensões impiedosas da Vida

ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,

nesta insignificância, gratuita e desvalida,

Universo sou eu, com nebulosas e tudo.


António Gedeão 


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