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Em 1975, Jorge Luís Borges publicava “O Livro de Areia” e iniciava uma série de viagens ao lado de María Kodama, então a sua secretária. Ela compilou os pequenos textos que o autor argentino escrevia ao longo dessas visitas de cego, impressões sem olhos, ou melhor, sentidas a partir dos olhos de Kodama, que fotografava e descrevia para Borges fundir isso com o material da sua própria memória, com a literatura mítica que tanto apreciava, com poemas e versos, e as referências do seu próprio mapa interno e literário.
"Atlas”, que sai agora pela Quetzal, é o resultado desses exercícios de viajante, e foi o último livro que o escritor publicou. Ele, que gostava de fazer os seus prólogos, disse naquele que abre o volume: “Não há um só homem que não seja um descobridor. Começa por descobrir o amargo, o salgado, o côncavo, o liso, o áspero, as sete cores do arco-íris e as vinte e tal letras do alfabeto; passa pelos rostos, os mapas, os animais e os astros; conclui pela dúvida ou pela fé e pela certeza quase total da sua própria ignorância.”
E assim, foram a Roma, a Dublin, a Istambul, à Califórnia, a Veneza, a Atenas, a Genebra, a Lugano, aos bairros de Buenos Aires (claro), à vila uruguaio-portuguesa de Colónia do Sacramento.
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Luciana Leiderfarb
Jornalista// EXPRESSO
Bem podia dar uma chegadinha ao Brasil!
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