Leitores das últimas 24 horas :
29 de fevereiro de 2024
Capas de revista
Tudo tem a sua importância mas, pessoalmente, estou mais preocupada com assuntos de ordem internacional .
Flores no vaso
Para que, em casa, a vida cresça, ande para a frente, seja colorida e perfumada, é aconselhável ter plantas em vaso. Nós humanos que nela habitamos, tendemos a definhar e desencantar-nos ao correr do tempo:
O nome do cão (poema)
O cão tinha um nome
por que o chamávamos
e por que respondia,
mas qual seria
o seu nome
só o cão obscuramente sabia.
Olhava-nos com uns olhos que havia
nos seus olhos
mas não se via o que ele via,
nem se nos via e nos reconhecia
de algum modo essencial
que nos escapava
ou se via o que de nós passava
e não o que permanecia,
o mistério que nos esclarecia.
Onde nós não alcançávamos
dentro de nós
o cão ia.
E aí adormecia
dum sono sem remorsos
e sem melancolia.
Então sonhava
o sonho sólido em que existia.
E não compreendia.
Um dia chamámos pelo cão e ele não estava
onde sempre estivera:
na sua exclusiva vida.
Alguém o chamara por outro nome,
um absoluto nome,
de muito longe.
E o cão partira
ao encontro desse nome
como chegara: só.
E a mãe enterrou-o
sob a buganvília
dizendo: "É a vida..."
Manuel António Pina
Opiniões
No Observador | ||||||
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28 de fevereiro de 2024
Marau (cogitação)
Luís Filipe Borges é um apresentador e guionista de televisão português. Foi o anfitrião de quatro séries do talk-show A Revolta dos Pastéis de Nata, de grande êxito.
A sua imagem de marca, na época, era um boné com a pala virada para trás.
Há dias, cruzei-me na rua com um homem maduro com um boné dessa maneira.
E veio-me à mente um pensamento crítico: "olha este, armado em marau..."
E, de imediato, chegou a cogitação em duas fatias:
- O que tenho eu a ver com isso, para ter uma postura mental crítica ?
- Há quantas décadas que não pensava, dizia, lia ou ouvia a palavra "marau" !
Ouro líquido
"Ouro líquido". Qual o motivo de o azeite estar tão caro em Portugal?
A Segurança Destas Paralelas (poema)
A segurança destas paralelas
— a beira da varanda e o horizonte;
assim me pacifico, e é por elas
que subo lentamente cada monte.
O tempo arrefecido, e só soprado
por uma brisa tarda que do mar
torna este minuto leve aconchegado,
traz mansas as certezas de se estar.
E vêm novos nomes: são as fadas,
gigantes e anões, que são assim
alegres de o serem — parcos nadas
que enchendo de silêncios este sim
dele fazem brinquedos, madrugadas...
Agora eu estou em ti e tu em mim.
Pedro Tamen, in “Tábua das Matérias”
Opiniões
No Observador
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27 de fevereiro de 2024
Havia tojo (poema)
Havia tojo e urze entre as carumas,
parcos caminhos, bidentadas sendas,
toques de azul fundidos com os olhos,
sonhos, milhafres e sob nós toupeiras;
mas sobretudo a terra parda e quente
a geral leitos e veias para os pés,
até ao ponto de nem pensar saber
se o corpo vertical é que a calcava
ou se dela nascia como o resto.
Era Verão? Por certo era. Em cada grão
morava evanescente uma estação.
Pedro Tamen
Rainha, que vida ...
Isabel II de Espanha - busto de mármore no Museu do Prado e estátua na Praça da Ópera, em Madrid.
Foi Rainha, mas teve um destino aziago .
Nada invejável, a sua vida.
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Isabel II , também conhecida como Isabel, a dos Tristes Destinos e a Rainha Castiza foi a Rainha da Espanha de 1833 até sua deposição em 1868.
Os retratos
Oito chefes político-partidários que vão a eleições.
Opiniões
No Observador
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26 de fevereiro de 2024
O teu olhar (poema)
testemunhando por mim
perante juízes terríveis:
a morte, os amigos, os inimigos.
à noite na solidão do quarto
refugiam-se em fundos sítios dentro de mim
quando de manhã o teu olhar ilumina o quarto.
dos demónios da noite e das aflições do dia,
fala em voz alta, não deixes que adormeça,
afasta de mim o pecado da infelicidade.
Finalmente
Parlamento húngaro aprova entrada da Suécia na NATO.
Decisão coloca ponto final no impasse que durava há meses.
Também eu ceei com os doze naquela ceia
em que eles comeram e beberam o décimo terceiro.
A ceia fui eu; e o servo; e o que saiu a meio;
e o que inclinou a cabeça no Meu peito.
E traí e fui traído,
e duvidei, e impacientei-me, e descartei-me;
e pus com Ele a mão no prato e posei para o retrato
(embora nada daquilo fizesse sentido).
Não subi aos céus (nem era caso para isso),
mas desci aos infernos (e pela porta de serviço):
comprei e não paguei, faltei a encontros,
cobicei os carros dos outros e as mulheres dos outros.
Agora, como num filme descolorido,
chegou o terceiro dia e nada aconteceu,
e tenho medo de não ter sido comigo,
de não ter sido comido nem ter sido Eu.
Manuel António Pina
Rosas
Para as rosas, escreveu alguém, o jardineiro é eterno.
Horizonte (poema)
Caminhos
É preciso sair da ilha para ver a ilha. Não nos vemos se não saímos de nós.
"O suficiente é para quem não ama. No amor, só existem infinitos."
Mia Couto
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Porque andei sempre sobre meus pés,
e doeu-me às vezes viver.
Mia Couto
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Ele veio de longe e chegou mais tarde,
precisou sair mais cedo, pois voltava
para longe.
A. Cavalcante
Opiniões
No Observador
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25 de fevereiro de 2024
O cabrito
Figuras da nossa História **
Viagem ao Faial e Pico do século XVI num romance que faz homenagem aos primeiros povoadores dos Açores
Com este A Capitoa, o historiador João Paulo Oliveira e Costa faz uma nova incursão na ficção, oferecendo um fresco extraordinário das ilhas há cinco séculos, dando a conhecer uma sociedade que vive no meio do oceano, mas ligada aos mundos que os portugueses descobriram.
Fonte: DN Cultura
** História de Portugal e do Brasil também.