17 de fevereiro de 2024

Vento no rosto (poema)






À hora em que as tardes descem,

noite aspergindo nos ares,

as coisas familiares

noutras formas acontecem.


As arestas emudecem.

Abrem-se as flores nos olhares.

Em perspectivas lunares

lixo e pedras resplandecem.


Silêncios, perfis de lagos,

escorrem cortinas de afagos,

malhas tecidas de engodo.


Apetece acreditar,

ter esperanças, confiar,

amar a tudo e a todos.


António Gedeão


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