19 de março de 2024

Nos teus gestos (poema)





Nos teus gestos há animais em liberdade

e o brilho doce que só têm as cerejas.

É neles que adormeço, e dos teus dedos

retiro a luz azul dos arquipélagos.


Os teus gestos são letras, sílabas, poemas.

Os teus gestos são páginas inteiras. São

a tua boca a namorar na minha boca,

o cio dos séculos a saudar o tempo.


São os teus gestos que me acordam. Gestos

que vestem o silêncio fundo das ravinas

e assinalam a água dos desertos.


Os teus gestos são música. São lume.

São a respiração do teu olhar. A seara

de espigas que ondula no meu corpo.


Joaquim Pessoa 

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