1 de março de 2024

Uma presença já ausente, morta


Uma filha volta de enterrar o pai e depara-se com os pertences dele, os remédios, a escova de dentes tal como ele a deixou antes de ir para o hospital do qual não viria a sair, os livros naquela mesma posição, com a marca na página certa. Todas essas coisas eram agora dolorosamente inúteis, tinham sido despidas do seu sentido, denunciavam uma presença já ausente, morta. “As coisas dele, tristes e silenciosas; e por extensão, as minhas. Toda a tralha existencial revelando sua inutilidade, sua ridícula permanência”, escreve Natalia Timerman nesta auto-ficção que, na verdade, fala sobre a vida.


Luciana Leiderfarb - Jornalista

Expresso 

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