23 de abril de 2024

Thiago de Mello, poeta









Agora sei quem sou.

Sou pouco, mas sei muito,

porque sei o poder imenso

que morava comigo,

mas adormecido como um peixe grande

no fundo escuro e silencioso do rio

e que hoje é como uma árvore

plantada bem alta no meio da minha vida.


Agora sei as coisa como são.

Sei porque a água escorre meiga

e porque acalanto é o seu ruído

na noite estrelada

que se deita no chão da nova casa.

Agora sei as coisas poderosas

que valem dentro de um homem.


Aprendi contigo, amada.

Aprendi com a tua beleza,

com a macia beleza de tuas mãos,

teus longos dedos de pétalas de prata,

a ternura oceânica do teu olhar,

verde de todas as cores

e sem nenhum horizonte;

com tua pele fresca e enluarada,

a tua infância permanente,

tua sabedoria fabulária

brilhando distraída no teu rosto.

...

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