12 de maio de 2024

O que for (poesia)










Vamos beber qualquer coisa,

que a vida está um deserto

e o coração só me pulsa

sombras do Ido e do Incerto.


Vamos beber qualquer coisa,

que a lua avança no mar

e há salobros fantasmas

que não quero visitar.


Vamos beber qualquer coisa

amarga, rascante, rude,

brindando sobre o já frio

cadáver da juventude.


Vamos beber qualquer coisa.

O que for. Vamos beber.

Mesmo porque não há mais

o que se possa fazer.


Ruy Espinheira Filho

Sem comentários:

Enviar um comentário