Nos últimos dias, os sindicalistas da PSP e os quase sindicalistas da GNR multiplicaram-se em declarações mediáticas ameaçadoras, tendo como alvo principal a decisão do Governo de proceder a aumentos salariais nas Forças Armadas, idênticos àqueles de que beneficiaram os agentes das forças de segurança.
Durante a longa luta dos polícias, marcada por excessos chocantes para os cidadãos, sempre me intrigou por que razão nunca ninguém, que eu saiba, havia questionado o suposto direito ao tratamento igualitário dos agentes policiais relativamente aos da Polícia Judiciária. Aparentemente, todos aceitavam ser uma injustiça o tratamento desigual.
Mas seria injusto porquê? Por que se entendia existir tratamento desigual? Bem vistas as coisas, são mais as diferenças do que as semelhanças entre uns e outros: exigem-se-lhes qualificações distintas; as condições de trabalho, incluindo de tempo, são diversas; as tarefas que desempenham são substancialmente diferentes; os riscos que correm, uns e outros, também. A igualdade decorre automaticamente do uso da palavra “polícia”? Como nunca se discutiu a substância da suposta igualdade, atrás dos polícias vieram os guardas prisionais. E virão, provavelmente, os bombeiros. E, talvez, inspetores e fiscais variados.
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Sem tais critérios, as reivindicações vão sendo objeto de soluções pontuais erráticas, que resolvem, temporariamente, um problema e criam outros.
João Caupers
In Diário de Notícias
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