20 de agosto de 2024

Gare (poesia)



O comboio perdeu-se no negrume

da noite e da distância.

A leva dos emigrantes

– num sonho de riqueza

e na esperança de vida –

enchera o monstro.

Na gare, choros e gritos!

Namoradas perdidas,

mães velhinhas

e os amigos,

numa espécie de inveja dolorida,

por não poderem partir.

Na gare, a dor em cada face!

E só eu

– que não era um emigrante –

só eu tive um sorriso de mulher

pedindo que voltasse.


Álvaro Feijó, 

in “Os Poemas de Álvaro Feijó”

Sem comentários:

Enviar um comentário