1 de agosto de 2024

Opina Rui Cardoso

Na cena final de “Munique”, filme realizado em 2005 por Steven Spielberg, um agente secreto que durante anos perseguiu palestinianos tidos como responsáveis pelo massacre dos atletas israelitas nos Jogos Olímpicos de Munique (1972), interroga-se em Nova Iorque sobre o sentido da sua missão, perguntando ao respectivo chefe se, por cada quadro inimigo eliminado, não haveria o risco de despontar um outro ainda pior. Em fundo, viam-se as Torres Gémeas, então ainda inteiras.

Desde a fundação do estado de Israel, em 1948, os seus dirigentes, perante as ameaças à volta, julgam-se no direito de interpretar as leis internacionais como entenderam e, se necessário, eximirem-se do cumprimento das mesmas.

Em particular, criaram uma eficiente máquina de matar, visando a eliminação (relativamente) seletiva de inimigos, sem igual no mundo. Uma história cujos primórdios remontam às ruas de Jerusalém em 1944, quando militantes sionistas radicais mataram a tiro Thomas James Wilkin, oficial da polícia britânica (o Reino Unido era a potência que então administrava a Palestina). E que prosseguiu durante décadas, ganhando em sofisticação técnica o que por vezes perdeu em autoproclamada eficiência cirúrgica.

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Rui Cardoso 

No Expresso 

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