24 de agosto de 2024

Trova do Emigrante (poesia)

Portugal, País de emigrantes 



Parte de noite e não olha

Os campos que vai deixar

Todo por dentro a abanar

Como a terra em Agadir

Folha a folha se desfolha

Seu coração ao partir


Não tem sede de aventura

Nem quis a terra distante

A vida o fez viajante

Se busca terras de França

É que a sorte lhe foi dura

E um homem também se cansa


As rugas que o suor cava

Não são rugas são enganos

São perdas lágrimas e danos

De suor por conta alheia

Não compensa nunca paga

Quanto suor se semeia


Em vida vive-se a morte

Se o trabalho não dá fruto

Morre-se em cada minuto

Se o fruto nunca se alcança

Porque lhe foi dura a sorte

Vai para terras de França

***


Manuel Alegre 

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