28 de setembro de 2024

minha mó de ternura








Meu amor meu amor 

meu corpo em movimento 

minha voz à procura 

do seu próprio lamento.


Meu limão de amargura 

meu punhal a escrever 

nós parámos o tempo 

não sabemos morrer 

e nascemos nascemos 

do nosso entristecer.


Meu amor meu amor 

meu nó e sofrimento 

minha mó de ternura 

minha nau de tormento


este mar não tem cura 

este céu não tem ar 

nós parámos o vento 

não sabemos nadar 

e morremos morremos 

devagar devagar.


Ary dos Santos

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