Shivshankar Menon esteve em Portugal a convite do Clube de Lisboa para participar na conferência "Um Mundo Dividido", que decorreu entre os dias 10 e 11 de outubro na Fundação Gulbenkian.
"Rússia e Israel pensam que têm espaço porque não há ninguém para fazer cumprir as regras. Mesmo que quisessem, EUA e China não podem governar o mundo".
Penso que existe sempre esta tentação de olhar para o nacionalismo como sendo o nacionalismo europeu do século XIX, certo? Uma etnia, uma nação, uma eleição, qualquer que seja a linguagem. Mas a Índia tem uma sociedade tão plural e é um sítio tão diversificado que tentativas anteriores de centralização, de controlo, também falharam. E o facto é que a política normalmente acaba por tratar destas coisas. Neste momento, vemos que o governo depende de uma coligação e, para formar uma coligação, tens de trabalhar com outros partidos que têm interesses ligeiramente diferentes dos teus. E é dessa forma que todos os diferentes interesses são acomodados. Se nos limitássemos a ler os programas dos partidos políticos, realmente pensaríamos que a Índia está altamente polarizada, questionar-nos-íamos como é possível que alguma coisa funcione, dado que toda a gente tem ideias completamente diferentes sobre a Índia que querem construir. Mas ainda assim funciona. Quero dizer, a vida quotidiana continua, a economia está em bom estado e há hoje mais pessoas a viver uma vida melhor do que algum dia viveram. Penso que a força da Índia está no facto de ser um sistema federal.
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