31 de outubro de 2024

SERÃO (poesia)































Lento, o poema 
Vai ardendo e abrindo 
Na fogueira. 
E ponho-me a cantá-lo, 
Sonolento: Lume alentejano 
De lenha de azinho; 
Calor do calor... 
O sol da charneca, 
Depois de ser tronco, 
Depois de ser rama, 
Depois de cortado, 
Depois de secar 
À própria torreira, 
Ainda a brilhar 
No céu da lareira!


Miguel Torga

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