29 de novembro de 2024

poema, meu segredo






este poema que é meu segredo

e das minhas mãos a pureza

agora o partilho a medo

numa asfixiante incerteza este poema 

é meu espelho minha sombra escurecida 

um sonho velho palavras trémulas... 

mas com vida!


este poema é meu desejo e meu capricho, 

a minha sede abrasadora

o privilégio de seguir vida fora 

com o fulgor do sonho é o meu pulsar na palavra

faz parte de mim, voa no meu sangue

o sopro da minha voz

meu rio a chegar à foz


este poema é a harmonia do meu instante

é o meu mundo partilhado 

o agasalho que me cobre

o meu fado!


este poema tem asas na minha mão 

traz com ele a minha história

e sua efémera glória de tão vasta imperfeição

ouve-se nele o rumor da tempestade e da palavra 

sente-se a inquietude é a minha bagagem da saudade.

***


Natalia Nuno

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