Javier Milei ganhou as eleições, e com 40%. Os peronistas, que tal como os Bourbons de Talleyrand não aprendem nada e não esquecem nada, perderam. Isto, depois de Milei ter atravessado vários escândalos e ter perdido eleições intercalares. Milei é um populista provocador e ávido de atenção e pretende retirar a Argentina do buraco financeiro que sucessivos resgates nunca conseguiram sanear. O que o distingue de Trump e de outros populistas é uma formação académica económica e o facto de ter uma teoria para as políticas e as reformas que quer levar a cabo. O que não o distingue dos outros chefes em versão Tapioca e Alcazar da América do Sul é a propensão para confiar em familiares, neste caso uma irmã com reputação de Lady Macbeth, e a propensão para a habitual corrupção e negócios mal explicados com a oligarquia do dinheiro sul-americano.
O povo não aprende, dirá a esquerda sempre zangada com o povo que perdeu, não apenas na Argentina, em todo o lado, mas décadas de governos de esquerda, também populistas e quase sempre ditatoriais, demonstraram a vacuidade de políticas de falsa distribuição de rendimentos e de justiça social que mais não fizeram do que enriquecer clãs e aliados. E destruir as economias.
Ao cabo de anos em que se interessou pela América do Sul, e no tempo das ditaduras sangrentas acolheu refugiados políticos e imigrantes, protegeu intelectuais e influiu ou tentou, sem êxito, influir em resultados eleitorais democráticos, a Europa, ou União Europeia, distingue essa região imensa onde manteve impérios com total desinteresse. Por projeto e determinação da Alemanha e do interesse estratégico e geopolítico, o seu Lebensraum, a União Europeia só se preocupa e só investe no leste do continente, ignorando os movimentos sísmicos de países tão importantes como o Brasil, a Argentina, a Venezuela, o Peru, a Colômbia, o Chile, ou os pequenos países como a Nicarágua e a Bolívia, onde a diplomacia europeia nunca cuidou de saber o que se passava.

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