Não foi a América que foi a votos nesta semana. Foram duas Américas. Ganhou, por uma margem muito significativa, a pior. Nas que conhecemos como democracias bem desenvolvidas (ia escrever "sólidas", mas comecei a duvidar se existirão mesmo "democracias sólidas") Donlad Trump, muito provavelmente, nem chegaria a candidatar-se. E poderia nem ser por uma questão das leis e regulamentos eleitorais. Que partido ia apostar num candidato condenado por um crime de falsificação de documentos (num caso de encobrimento duma relação com uma atriz porno) e com vários processos pendentes, incluindo um de instigação de um violento motim a que todo o mundo assistiu, incrédulo? Quem ia arriscar apoiar num candidato conhecido por várias fraudes fiscais ao longo da vida? Em alguém permanentemente confrontado com provadas mentiras, manipulações e falsidades? Pois. Depois da esmagadora vitória nas eleições do passado dia 5 de novembro, Donald Trump, esse Donald Trump, é, muito provavelmente, o homem mais poderoso do mundo. Há várias coisas muito preocupantes nesse facto. E sem querer, de todo, ser moralista, uma boa parte dessa preocupação passar por palavras tão fora de moda como "ética" e "moral." Mesmo que inconscientemente, que lição passa para milhões e milhões de jovens (e não tão jovens assim) em todo o mundo? Que o bullying não é grave (não preciso de dar exemplos, pois não?) e até compensa; que a ignorância assumida e a superficialidade não são graves e até compensam; que mentir, manipular e ter um discurso vingativo não é grave e até compensa; que o crime compensa. O risco do efeito de contágio, individual e coletivo, é altíssimo. |
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