É o caso da empatia: nem por acaso um nome feminino, vindo do grego pathos (estado de alma), que nos diz sobre a “capacidade de perceber emocionalmente o outro” ou de se “identificar” com ele.
Foi surpreendente ouvir Rita Júdice na abertura do ano judicial, confrontando uma sala inteira com a morte de uma mulher vítima de violência doméstica. Um desafio poderoso, lançado na cerimónia mais tradicional, num dos mais conservadores dos setores profissionais, numa das mais pesadas salas do país.
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Com muitas qualidades que terá, a empatia não parece ser o forte de Luís Montenegro, como ficou uma vez mais claro no que disse este fim de semana, quando estavam nas ruas de Lisboa as duas manifestações que sabemos:
“Num dia onde os extremos erguem cada um a sua bandeira em contraponto, em conflito aberto para o outro, nós somos o elemento aglutinador, de confluência, de moderação”.
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Vale, por isso, a pena voltar ao tema que Rita Júdice introduziu esta segunda-feira, o da violência doméstica, o mesmo que levou Luís Montenegro a dizer-se “convicto” de que o aumento dos casos reportados se devia ao aumento das denúncias e não a um “aumento real”. Volto ao tema para lhe dizer que a ministra da Justiça conseguiu mostrar que é possível juntar empatia e firmeza. Não sei se é uma nota de esperança vinda do Governo, mas é certamente o caso da empatia de que precisamos.
David Dinis
Expresso
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