16 de janeiro de 2025

Noite (poesia)









NOITE

Tens doze anos. No máximo treze. 

Sais de casa pela porta dos fundos. 

Ainda há tempo. Prometeste 

não demorar e não te afastares. 


Um dia aprenderás os nomes das árvores. 

Bifurcas à esquerda antes do cume.  

Segues o caminho entre dois riachos. 

Eis Wool Clough. E Royd Edge. 


O cume ainda iluminado pelo sol. Mas 

já é noite. A noite persegue-te pela encosta acima. 

O crepúsculo passa os dedos pelos nós da tua coluna. 

Viras o calcanhar. De regresso a casa. 


O teu filho dorme na sua cama, grande demais para um berço. 

A tua esposa costura e conserta à luz de um candeeiro. 

Lamentas muito. Pensaste que ainda 

era cedo. Não sabes como ficou tão tarde. 


 SIMON ARMITAGE


Traduzido por Jorge Sousa Braga 

para o Lisbon Revisited: dias de poesia.

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Original 



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