talvez a serenidade possa ser as minhas mãos a serem uma brisa sobre a terra e sobre a pele nua de uma mulher.
esse dia, esperança de amanhã, poderá chegar e estarei dormindo.
hoje, sou um pouco de alguma coisa, sou a água salgada que permanece nas ondas que tudo rejeitam e expulsam na praia.
as gaivotas sobrevoam o meu corpo vivo.
os meus cabelos submersos convidam o silêncio da manhã, raios de sol atravessam o mar tornados água luminosa.
aqui, estou vivo e sou alguém muito longe.
José Luís Peixoto
in [A Criança em Ruínas]
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