27 de abril de 2024
26 de abril de 2024
Elas fazem
Elas carregam no botão da caixa e fazem quinhentos trocos miúdos. Elas metem a cavilha, dizem outro número e passam a vigésima chamada. Elas mexem panelões que lhes chegam à cinta. Elas descem doze caixotes de lixo já noite fechada. Elas fazem todas as camas e despejos de uma família alheia. Elas picam bilhetes metidas numa caixa de vidro. Elas batem à máquina palavras que não entendem. Elas arquivam por ordem alfabética duas mil fichas e vinte e cinco ofícios. Elas vão outra vez buscar a gaveta das luvas para o balcão a ver se há aquele verde. Elas aspiram do pó antes das nove doze assoalhadas, e cento e dez degraus de alcatifa. Elas entram na praça manhã cedo, já vindas do lota ajoujadas com o peixe para as bancadas. Elas acertam as bainhas de joelhos, a boca cheia de alfinetes. Elas põem trinta e duas arrastadeiras e tiram sessenta temperaturas. Elas pintam unhas de homem. Elas guardam sanitas e fazem renda em pequenos cubículos sem janela.
Texto: Maria Velho da Costa 👈
Érico Veríssimo
Eu não devia observar tanto, pensar tanto. Se vivesse mais no ar, era mais feliz. Quando a gente quer olhar tudo, acaba descobrindo o que há de feio no mundo.
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O destino conduz os que querem ser conduzidos e arrasta os que não querem.
Eu tenho andado mais ou menos de arrasto.
Nem sempre quero ir para onde o destino me leva.
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Precisamos dar um sentido humano às nossas construções. E, quando o amor ao dinheiro, ao sucesso, nos estiver deixando cegos, saibamos fazer pausas para olhar os lírios do campo e as aves do céu.
Na minha opinião existem dois tipos de viajantes: os que viajam para fugir e os que viajam para buscar.
Opiniões
No Observador
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Sebastião Bugalho, Novo Paulo Portas ?
Com Vítor Rainho e com Yanis Varoufakis.
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Já após a fase opiniador, Bugalho integra mesmo a redação e passa a fazer jornalismo nas redações gémeas do jornal i e do semanário Sol. Enfrenta, desde logo, anticorpos. Mas não se importa com isso. Convence-se de que é bom, dos melhores. E não tem pudor em dizê-lo e repeti-lo para quem o quiser ouvir. Na redação, fala de igual para igual com os mais velhos.
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seu padrinho no jornalismo, Vítor Raínho. “Ensinou-me tudo“, confessaria no Programa da Júlia há poucos meses. Apesar de arrogante, do nariz empinado, da pose de sabichão, os colegas de redação (“camarada” é um termo que, por evidentes razões, não utiliza) reconhecem-lhe “bom fundo”.
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Entre dirigentes e figuras de topo do PSD já há quem tenha comentado que “Montenegro pôs a raposa no galinheiro”. Que Sebastião Bugalho “quer ser primeiro-ministro” e que este é apenas o primeiro passo de uma ambição desmedida.
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Rui Pedro Antunes
Observador
25 de abril de 2024
Opiniões
Opinião
Luís Rosa
O 25 de Abril conseguiu algoAlexandre Borges
O 25 de Abril não tem donos eCada par de olhos sua visão
Foto e visão do jornal Observador sobre a data de hoje:
E a minha visão pessoal da mesma, pela liberdade de ir, ver, ouvir, ler, pensar e dizer sem medo, sem ter de pedir licença a ninguém:
24 de abril de 2024
EXPOSIÇÃO
Em Lisboa
Pássaros & Natureza
"Pássaros engaiolados pensam em gaiolas. Pássaros livres pensam no azul infinito. Eu e os pássaros temos sonhos comuns. Sonhamos com voo e com a imensidão do céu azul."
Opiniões
No Observador
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Vida fora, muitos foram os que quiseram seguir Mário Soares e outros, também muitos, combatê-lo. A todos deve ter valido a pena. Soares valia como escolha e como adversário.
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23 de abril de 2024
Minha bagagem
Chega um momento
em que somos aves na noite,
pura plumagem, dormindo de pé,
com a cabeça encolhida.
O que tanto zelamos
na fileira dos dias,
o que tanto brigamos
para guardar, de repente
não presta mais: jornais, retratos,
poemas, posteridade.
Minha bagagem
é a roupa do corpo.
Graciliano Ramos
Começamos oprimidos pela sintaxe e acabamos às voltas com a Delegacia de Ordem Política e Social, mas, nos estreitos limites a que nos coagem a gramática e a lei, ainda nos podemos mexer.
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“Seu Tomás da bolandeira falava bem, estragava os olhos em cima de jornais e livros, mas não sabia mandar: pedia. Esquisitice um homem remediado ser cortês. Até o povo censurava aquelas maneiras. Mas todos obedeciam a ele. Ah! Quem disse que não obedeciam?”
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“Iam-se amodorrando e foram despertados por Baleia, que trazia nos dentes um preá. Levantaram-se todos gritando. O menino mais velho esfregou as pálpebras, afastando pedaços de sonho. Sinha Vitória beijava o focinho de Baleia, e como o focinho estava ensanguentado, lambia o sangue e tirava proveito do beijo.”
Graciliano Ramos