5 de setembro de 2024

Mãe negra











A mãe negra embala o filho.

Canta a remota canção 

Que seus avós já cantavam 

Em noites sem madrugada.


Canta, canta para o céu 

Tão estrelado e festivo.


É para o céu que ela canta, 

Que o céu 

Às vezes também é negro.


No céu 

Tão estrelado e festivo 

Não há branco, não há preto, 

Não há vermelho e amarelo. 

-Todos são anjos e santos 

Guardados por mãos divinas.


A mãe negra não tem casa 

Nem carinhos de ninguém...


A mãe negra é triste, triste, 

E tem um filho nos braços...


Mas olha o céu estrelado 

E de repente sorri. 

Parece-lhe que cada estrela 

É uma mão acenando 

Com simpatia e saudade...


Aguinaldo Fonseca

Ficou conhecido como "o poeta esquecido"

Wikipédia 

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