Calendário
Pregados na parede da memória,
Os dias do passado
Amarelecem.
Folhas mortas dum bloco de emoções,
Solto-as ao vento da melancolia.
Seis de Outubro, um de Abril,
Ano tal, ano tal, e a mais bela manhã primaveril
Desfeita numa pústula outonal!
A inútil persistência de viver!
O erro de lutar
Por qualquer duração!
Mesmo antes do Letes conhecido,
Todo o sonho,
Ou gemido,
Ou alegria,
É uma data vazia
No sepulcro do tempo decorrido.
Miguel Torga,
in Câmara Ardente
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