Um livro que continua actual
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As referências literárias abundam, assim como as cientÃficas e as históricas, e até, como já vimos, as pessoais – porque cada um tem a sua própria guerra –, ao lado de reflexões mais ensaÃsticas. Como esta, que descreve como o impulso de guerra não é separável das condições socioeconómicas e da manutenção do poder: “Durante todo o século XX, ficou claro que o padrão de vida dos paÃses industrializados não pode ser multiplicado pela população total do mundo. Criámos uma maneira de viver que terá de ser sempre limitada a uma pequena minoria. Esta minoria pode ser constituÃda por uma vasta classe média num pequeno grupo de paÃses e uma reduzida classe alta nos restantes. Os membros reconhecem-se entre si pelo poder de compra. Têm um interesse partilhado em conservar os seus privilégios - se necessário, pela força. (...) A situação de violência global é o núcleo duro da nossa existência.”
O que diria o autor sobre o mundo tal como hoje se desenha? Se não lhe podemos perguntar, pois Lindqvist morreu em 2019, a última frase do livro - “E do que ainda está para vir” - serve de resposta, aludindo a um movimento bélico, cÃclico e circular que nos obriga a olhar para um dos fragmentos iniciais, situado em maio de 1940, quando Churchill deu ordem para bombardear a Alemanha.
Luciana Leiderfarb
Expresso
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