14 de novembro de 2024

Luiz Cernuda

 


Contigo


¿Mi tierra?

Mi tierra eres tú.

¿Mi gente?

Mi gente eres tú.


El destierro y la muerte

para mi están adonde

no estés tú.


¿Y mi vida?

Dime, mi vida,¿qué es,

si no eres tú?


*****

Donde habite el olvido


Donde habite el olvido,

En los vastos jardines sin aurora;

Donde yo solo sea 

Memoria de una piedra sepultada entre ortigas 

Sobre la cual el viento escapa a sus insomnios.

Donde mi nombre deje 

Al cuerpo que designa en brazos de los siglos, 

Donde el deseo no exista.

En esa gran región donde el amor, ángel terrible,

No esconda como acero 

En mi pecho su ala, 

Sonriendo lleno de gracia aérea mientras crece el tormento.

Allá donde termine ese afán que exige un dueño a imagen suya, 

Sometiendo a otra vida su vida,

Sin más horizonte que otros ojos frente a frente.

Donde penas y dichas no sean más que nombres, 

Cielo y tierra nativos en torno de un recuerdo;

 Donde al fin quede libre sin saberlo yo mismo,

 Disuelto en niebla, ausencia, 

Ausencia leve como carne de niño.

Allá, allá lejos;

Donde habite el olvido.



Diz João Miguel Tavares

 




A prova de que a sociedade portuguesa ainda não ouviu falar vezes suficientes dos cúmplices políticos de José Sócrates - ou ouviu e teima em esquecer-se, o que vai dar ao mesmo - é que os seus cúmplices políticos continuam a subir às mais altas posições do Estado sem que ninguém se chateie com isso. Eu sempre me chateei e pretendo continuar a chatear-me. Enquanto tiver pio, estarei aqui a relembrar as vezes que forem necessárias que Sócrates e os seus próximos trabalharam durante seis anos para controlar televisões, jornais, bancos, empresas, reguladores e a própria justiça, perante a passividade geral.

***

Hoje, Octavio Paz

 

Depois de ter cortado todos os braços que se estendiam para mim; depois de ter entaipado todas as janelas e todas as portas; depois de ter inundado os fossos com água envenenada; depois de ter edificado a minha casa num rochedo inacessível aos afagos e ao medo; depois de ter lançado punhados de silêncio e monossílabos de desprezo aos meus amores; depois de ter esquecido o meu nome e o nome da minha terra natal; depois de me ter condenado a perpétua espera e a solidão perpétua, ouvi contra as pedras do meu calabouço de silogismos a investida húmida, terna, insistente, da Primavera.


Octavio Paz

A seara do futuro (poesia)






Na terra negra da vida,

Pousio do desespero,

É que o Poeta semeia

Poemas de confiança.

O Poeta é uma criança

Que devaneia.

 

Mas todo o semeador

Semeia contra o presente.

Semeia como vidente

A seara do futuro,

Sem saber se o chão é duro

E lhe recebe a semente.

 

Miguel Torga

13 de novembro de 2024

Leitores do blogue

Onde há leitores do blogue 



 

Amanhã haverá sopa

Amanhã vai haver sopa fresca. Mas é do género sopa da pedra.





Há um post anterior onde se conta a lenda desta receita culinária. 

Cada um sua opinião

 

Nas democracias, cada cabeça sua sentença. 

É a liberdade de expressão. 

Causa nobre

 




Projecto tem pernas para andar.

Trecho de livro (falta de tempo)

 


FALTA DE TEMPO

Há tantas coisas em que nunca pensámos por falta de tempo! Na esperança, por exemplo. Quem vai perder cinco ou dez minutos a pensar na esperança, quando pode usá-los muito mais proveitosamente a ler um romance ou a falar ao telefone com uma amiga, a ir ao cinema ou a redigir ofícios no emprego? Pensar na esperança, que coisa imbecil! Até dá vontade de rir. Na esperança... Sempre há gente... E ela metida como areia nas pregas e nas bainhas da alma. Passam anos, passam vidas, aí vem o último dia e a última hora e o último minuto e ela então aparece a tornar inesperado aquilo por que esperávamos, a fazer o que já era amargo ainda mais amargo. A tornar mais difíceis as coisas.

Maria Judite de Carvalho 

in TANTA GENTE, MARIANA

As portas que batem (poesia)

 


As portas que batem 

nas casas que esperam.

Os olhos que passam

sem verem quem está.

O talvez um dia

Aos que desesperam.

O seguir em frente.

O não se me dá.


O fechar os olhos

a quem nos olhou.

O não querer ouvir

quem nos quer dizer.

O não reparar

que nada ficou.

Seguir sempre em frente

E nem perceber.


Maria Judite de Carvalho 

Olho vivo (bom humor)

 




Olho vivo ---> rubrica de humor do Expresso 

Opiniões

 No Observador 

Fotografia do Colunista
Maria João Avillez

Moçambique, o PS e um elogio

Não foi por acaso que António 

Costa - desde sempre um político 

de facção - se permitiu escreve

agora o que escreveu. Fê-lo 

num gesto difícil de classificar 

em alguém prestes a tomar

 posse na Europa.

Fotografia do Colunista
João Pedro Marques

Os negros e o trabalho forçado de outros negros

Muitas pessoas de esquerda 

acusam os portugueses de 

terem sofismado o tema da 

emancipação dos escravos ou 

sido falsos abolicionistas, 

mas enaltecem Toussaint

 Louverture e a catástrofe 

que foi o Haiti.

Fotografia do Colunista
Abel Mateus

OE 2025 análise macro: Contributo para crescimento

São as elevadas taxas 

marginais de imposto que 

mais contribuem para a 

redução do crescimento 

económico. É, pois, urgente, 

reduzi-las e fazer uma 

reforma fiscal que 

modernize e harmonize 

o sistema.

César Vallejo, do Peru









Poema ‘Navidad’ de César Vallejo

Hoy vendrá Navidad.

Zambullido entre el ruido pegajoso de imbéciles caldeos y tirios anacrónicos, con mi imperial silencio, y asistido por mis feroces sueños invencibles, hago tarde, llamo a dolor; campana, campana, campana!

Hoy el níveo Noel, remoto hebreo, alucinantes las manos abuelas dejará en las camas de los niños pobres el juguete milagroso o el fragante bombón que el Niño Jesús envía a sus amiguitos de aquí abajo.

Hoy vendrá Navidad; y vendrá triste en mí, muy triste en mis ojos pascuales de pastor solitario y perdido.

Así balaréis vosotras, ovejas mías, ovejas del señor, dulces gotas de leche de la Virgen María.

Opinião no Expresso

Política externa de Trump na primeira presidência 



***

Olhando para trás, a política externa da primeira presidência de Trump tem um rasto de isolacionismo dominante. Trump afastou-se dos aliados, que maltratou, tanto na Europa como no Pacífico; quis negociar um acordo de desmilitarização com a Coreia do Norte que foi apenas um espetáculo inconsequente; acelerou a rota de colisão com a China e conseguiu que alguns europeus alinhassem contra a Huawei, mas teve, e tem, os europeus divididos na forma como devem lidar com Pequim e, sobretudo, não determinados em agir alinhados com os Estados Unidos. Coisa impensável na Guerra Fria relativamente à União Soviética. Com excepção da Ostpolitk de Willy Brandt em diante, que tinha uma explicação regional muito óbvia.

Olhando para os grandes momentos da política externa da primeira presidência Trump, ressaltam duas ideias: uma visão ao mesmo tempo isolacionista e impositiva da posição americana, e uma tentativa de exibição de dotes negociais que não foram consequentes.

***

Colhe o dia (poesia de F. Pessoa)

 




Uns, com os olhos postos no passado,

Veem o que não veem; outros, fitos

Os mesmos olhos no futuro, veem

O que não pode ver-se.

Porque tão longe ir pôr o que está perto —

A segurança nossa? Este é o dia,

Esta é a hora, este o momento, isto

É quem somos, e é tudo.

Perene flui a interminável hora

Que nos confessa nulos. 

No mesmo hausto

Em que vivemos, morreremos. 

Colhe

O dia, porque és ele.


Ricardo Reis (Fernando Pessoa)

A culpa disto tudo é dos ‘woke’!


Curiosos e perigosos tempos em que estar ‘acordado’ (woke), com os olhos levantados do cotão do umbigo, sentir empatia pelas pessoas e comunidades mais desfavorecidas e discriminadas, e desejar que os direitos humanos cheguem a todos e todas de forma igual é considerado por cada vez mais gente — incluindo muitos comentadores de televisão e jornais — como radical, ameaçador, desnecessário, acessório ou moda.

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Esta é a era das crenças e do que cada um quiser acreditar. O melhor cenário para surgirem os falsos messias. E os grandes tiranos.


A doença da desumanização dos outros


A desumanização, egoísmo e indecência passou a ser o novo normal, o novo mundo, e o monstro adormecido em nós passou a estar à solta, descarado, sem vergonha. Uma doença a alastrar no mundo e também para os nossos lados cada vez mais em força.

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Bernardo Mendonça 

Expresso 

12 de novembro de 2024

Sabedoria

 


Dilatai a fraternidade cristã, e chegareis das afeições individuais às solidariedades coletivas, da família à nação, da nação à humanidade.


Novo romance

 O Protocolo Caos



















A história é inspirada em factos reais e aborda temas como as 'fake news', o poder das redes sociais na manipulação da população, ataques informáticos e 'hackers'. Donald Trump e Vladimir Putin são personagens chave na trama deste que é o 26.º romance do autor.

Os cortes na produção

 


OPEP divulga relatório mensal

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), publica, esta terça-feira, o seu relatório mensal sobre o mercado do petróleo. No relatório de outubro, a organização reviu em baixa as suas previsões de crescimento da procura mundial de petróleo para 2024 e 2025. Este mês, vários membros da OPEP , a aliança alargada do cartel petrolífero, anunciaram o prolongamento dos cortes na produção de petróleo até ao final do ano, com o objetivo de contrariar a recente queda dos preços.


Juliana Simões 

Expresso Economia 

Senhora muito poderosa


Quem é Susie Wiles?
















Susie Wiles é a pessoa escolhida pelo Presidente eleito para o ajudar a assentar ideias em todas as matérias importantes da governação dos EUA. 


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No Expresso 

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Com décadas de experiência a gerir campanhas, manteve-se fora dos holofotes enquanto conduziu o candidato a uma nova vitória. O reconhecimento de Trump pelo papel que assumiu chegou sob a forma de nomeação para chefe de gabinete da Casa Branca. Será a primeira mulher a assumir o cargo.


Em abril, um perfil no “Politico” descrevia Wiles como “a operacional política mais temida e menos conhecida na América”.


“Não quero estar nos holofotes. Penso que prejudica a capacidade de ser eficiente”, disse anteriormente Wiles, citada pelo “The Wall Street Journal”.


Wiles é vista como peça central para o sucesso da campanha de Trump e antes dos resultados serem conhecidos já era apontada como possível candidata ao cargo de chefe de gabinete. O seu papel na execução da campanha foi reconhecido por Donald Trump no discurso de vitória das eleições presidenciais, no qual expressou o seu “enorme apreço” por Wiles. “Chamamos-lhe a ‘donzela de gelo’. (...) A Susie gosta de ficar nos bastidores”, descreveu o Presidente eleito.

Opiniões

 No Observador 

Fotografia do Colunista
Miguel Miranda

Espanha, Valência: Olhar e não ver

A dificuldade dos decisores 

em reagir a um aviso e a 

recusa em ver a real 

dimensão do maior desastre 

natural dos últimos 70 anos, 

é como um processo de 

negação, é olhar para uma 

catástrofe e não a ver.



Fotografia do Colunista
Helena Garrido

Trump e a lua que não vemos

Os partidos tradicionais 

ditos de esquerda andam 

esquecidos das necessidades 

básicas. Com o que se tem 

passado só temos de nos 

admirar de ainda terem 

tantos votos.

Fotografia do Colunista
Miguel Santos Carrapatoso

Costa fez mais pelo Chega do que Leão

Encontrar um fascista em 

cada esquina (primeiro 

Passos, depois Rio, 

Montenegro, Moedas, e 

agora até Leão…) pode 

agradar aos novos zelotas 

cá do burgo, mas o resultado 

prático é um: a

 incosenquência.

Recorte de Imprensa

 Opinião 





















O estilo de gestão de Donald Trump é “caótico”, mas, entre 2016 e 2020, não havia tantas figuras controversas a rodear o republicano e a influenciá-lo. É Mark Wheeler, professor de comunicação política na London Metropolitan University, quem o diz, antevendo uma “reviravolta significativa nos primeiros seis meses do seu regresso à Casa Branca”, com novas nomeações e várias dispensas.

Autor de seis livros, entre os quais “Politics and the Mass Media” e “Celebrity Politics”, Wheeler não só aponta para os próximos quatro anos com temores de extrema polarização como defende que será uma “administração muito confusa”, com “muitos egos em ação”. O analista londrino diz, em entrevista ao Expresso, que, apesar de a campanha de Trump ter sido “brilhante”, a sua governação dificilmente o será.

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Catarina Maldonado Vasconcelos

Jornalista do EXPRESSO