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Há muitos anos, quando me propus investigar por conta própria a literatura britânica dos séculos XVIII e XIX, costumava frequentar uma loja de livros usados no norte de Londres cujo funcionário, ou dono, era um homem que dava ar de ter nascido e crescido naqueles corredores poeirentos de que parecia conhecer todos os cantos. Invariavelmente cortês, tinha formas subtis de manifestar as suas indiferenças e entusiasmos. Em matéria de ensaios, por exemplo, lembro a sua expressão quase impercetivelmente dececionada quando lhe falei de Addison. Já quando mencionei o nome de William Hazlitt, à sua cara só faltava dizer: “Ah, por fim".
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Escritos num estilo invariavelmente direto, pessoal, alimentados por convicções visÃveis, mas capazes de nuance, sem floreados mentais nem de estilo (embora com um módico de alusões e citações literárias pertinentes) nem o didatismo que encontramos em autores seus contemporâneos, os ensaios de Hazlitt abundam em passagens valiosas sobre temas polÃticos, sociais, psicológicos, intelectuais e artÃsticos. Jamais buscando o paradoxo por si mesmo ou o cinismo por exercÃcio, ele é romântico por vocação e realista por inteligência.
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