De manhã são de terra
as palavras que trago sobre a língua.
Sabem a trigo
ao sangue dos morangos
ao caule das papoilas.
Dizem coisas morenas e germinam.
São de terra. As palavras.
À tarde são de vento
e flutuam na seda das bandeiras
e deslizam na solidão das águias
e adejam no limiar dos plátanos.
Desabridas desatam véus e medos
e porque são de vento
constroem catedrais e tecem barcos.
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Rosa Lobato de Faria
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