8 de fevereiro de 2025

São de terra (poesia)

 














De manhã são de terra

as palavras que trago sobre a língua.

Sabem a trigo

ao sangue dos morangos

ao caule das papoilas.

Dizem coisas morenas e germinam.

São de terra. As palavras.


À tarde são de vento

e flutuam na seda das bandeiras

e deslizam na solidão das águias

e adejam no limiar dos plátanos.

Desabridas desatam véus e medos

e porque são de vento

constroem catedrais e tecem barcos.

***

Rosa Lobato de Faria 

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