19 de setembro de 2024

Maria Eugénia Cunhal


Bastou aquele gesto

Da tua mão tocar tão docemente a minha 

Pra nascerem raízes

Que me prendem à terra e me alimentam


Nas horas mais vazias

Bastou aquele olhar

- O teu olhar tão brando, 

prolongando-se um pouco sobre o meu

Para iluminar as noites 

em que a lua se esconde 

E a escuridão envolve 

um mundo sem sentido.


Bastou esse teu jeito de sorrir,

Um sorriso em que vejo 

despontar a confiança 

Na vida não vivida, 

nas emoções ainda não sentidas,

Nos passos que ressoam noutros passos 

Bastaste tu.


Maria Eugénia Cunhal 

in 'Silêncio de Vidro'

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