18 de junho de 2025

Recorte de Imprensa

 



18 junho 2025

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TRUMP A CAMINHO DO IRÃO E PERDIDO NO SEU LABIRINTO? 

Na era de todas as tecnologias, da velocidade e das informações bombardeadas (pun intended) a cada segundo, não sabemos muito do que se passa verdadeiramente, no terreno, em mais uma guerra. Os jornalistas de guerra, enviados especiais aos lugares de conflito que, com a liberdade possível, comunicam ao mundo o que conseguem testemunhar parecem ser uma figura do passado, de um tempo em que, tecnicamente, a comunicação global era muito mais difícil. Somos informados por comunicados oficiais, propaganda mal disfarçada e um batalhão de comentadores e "especialistas".

Não sabemos exatamente o que se passa nas ruas e bunkers de Teerão nem nas ruas e bunkers de Tel Aviv e Jerusalém. Mas sabemos que uma guerra há muito anunciada está mesmo a acontecer. E começa a fazer-nos lembrar a invasão do Iraque em 2003, por forças militares lideradas pelos EUA, e consequente queda do regime de Saddam Hussein, que muito contribuiu para a desestabilização do Médio Oriente.

Mas desta vez, com Donald Trump no poder nos EUA, tudo é muito mais nebuloso e incerto. Há uma semana, antes do ataque de surpresa que Israel lançou, na sexta-feira, 13, sobre o território do Irão, havia uma notícia muito clara a passar nos rodapés dos telejornais: Donald Trump pedia a Netanyahu para não começar nenhuma ofensiva militar sobre o Irão antes da ronda de negociações, sobre o uso de tecnologia nuclear pelo regime iraniano, que estava prevista para estas semanas. O primeiro-ministro israelita fez exatamente o contrário, pressentiu que este era o contexto certo para começar uma espécie de batalha final contra o Irão e desobedeceu frontalmente ao presidente norte-americano - permitindo-lhe, depois, salvar a face, dizendo que os EUA estavam a par de tudo, o que Trump confirmaria.
Boa parte da razão para o triunfo eleitoral de Donald Trump em novembro passado vem de uma retórica simples, que já tinah conquistado os eleitores americanos em 2016: vamos fazer os EUA "grandes outra vez", concentrando-nos no que passa dentro das nossas fronteiras e deixando de fomentar e participar em guerras no exterior. O movimento MAGA (Make America Great Again), grande suporte popular de Trump, baseia-se muito nessa visão nacionalista e doméstica da política nos EUA. E é isso que explica que o presidente dos EUA surja tão hesitante e contraditório nos últimos dias: tanto parece o falcão da guerra que diz que "por enquanto" vai poupar a vida a Ali Khamenei e que exige uma "rendição total" do irão (a quem?) como sublinha que os EUA não participaram no ataque desencadeado por Netanyahu (em mais uma arriscada fuga em frente, sem qualquer legitimidade à luz di direito internacional, para superar as muitas dificuldades internas da sua situação à frente do governo israelita). A instabilidade, incoerência e ignorância do atual líder dos EUA colocam-no, apesar da retórica de "rei do mundo", numa posição frágil quando tem que responder a estratégias ativas de outros líderes mundiais, seja Putin ou Netanyahu. Muitos americanos ainda não perceberam se Trump está, sobretudo, preocupado em deslocar tropas dentro do seu país para uma ativa perseguição a imigrantes (depois da Califórnia, há, agora, soldados a caminho do Texas, Florida e Louisiana) ou se vai mesmo participar ativamente numa guerra contra um dos maiores e mais poderosos países do Médio Oriente, com o objetivo de aniquilar o seu regime e, mais uma vez, tentar exportar um qualquer modelo democrático (algo que deu péssimos resultados no Iraque, no Afeganistão ou na Líbia, para citar só alguns exemplos).

O fim do regime de Ali Khamenei e das aspirações nucleares do Irão podem ser uma boa notícia para o mundo, mas quem nos protege dos desvarios de Donald Trump e Netanyahu?

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