Há 50 anos, o Estado proibia mas, sobretudo, gerava uma máquina de proibição: as pessoas proibiam-se umas às outras. “E isto, ao que parece, entrou-nos na massa do sangue - sociólogos e estudiosos avulsos da maneira de ser lusitana concordam na identificação do gosto nacional por apanhar o outro em falta”, escreve Costa Santos. “Sabe bem disso quem, por engano, se enfie com um carro em contramão numa rua de um só sentido, ou quem, por distração, acenda um cigarro onde não seja permitido fumar. É-se logo invectivado por patrícios atacados da Síndrome do Castigado-Castigador. Sequelas de um tempo estranho.”
O tom é quase didático - e irónico. Pois “os leitores nascidos em democracia poderão duvidar da realidade dos factos que aqui são narrados”.
Luciana Leiderfarb
Expresso
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