7 de julho de 2024

O que eu amo está perto entre a terra e o ar.

 


Os Prestígios Simples



Conheço as palavras das árvores, as voluptuosas têmporas das pedras. Toda a minha vida é um sono de árvores 

Vivo oscilando como uma simples coisa na paz do espaço. Não pergunto às folhas onde o país unânime. Sou uma chama do ar.

Oscilo na folhagem. Vibro entre mãos aéreas sobre os sulcos dos insectos. Amo os simples prestígios, os percursos leves, as sombras verdes.

Esta é a minha casa de pedras e de sol. Esta é a minha firmeza suave, minha alegria nova.

Estou no meio do vento, sou uma haste solitária. Bebo as sombras que deslizam numa volúpia aérea.

Dispo-me e sou um tronco, ou um ramo, uma figura da terra.

Adormeço e desperto para o júbilo do mar.

A boca encontra o seio da primeira harmonia.


António Ramos Rosa

in "Volante Verde"

Nota: o título deste post é verso do mesmo autor.  (poema O Obscuro).


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