9 de novembro de 2024

Já Bocage não sou! À cova escura

Manuel Maria Barbosa du Bocage




Já Bocage não sou!... À cova escura 

Meu estro vai parar desfeito em vento... 

Eu aos Céus ultrajei! O meu tormento 

Leve me torne sempre a terra dura.


Conheço agora já quão vã figura 

Em prosa e verso fez meu louco intento.

 Musa!...Tivera algum merecimento, 

Se um raio de razão seguisse, pura!


Eu me arrependo; a lingua quase fria 

Brade em alto pregão à mocidade, 

Que atrás do som fantástico corria:


"Outro aretino fui...A santidade Manchei...

Oh!, se me creste, gente impia, 

Rasga meus versos, crê na Eternidade!"


em "Citações e Pensamentos de Bocage"

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