"Perdemos a noite”, assim começa este livro. “Os nossos olhos já não se fecham. Foram-se as insónias, chegou a vigília, o tempo dos guardas-noturnos, daqueles para quem a noite já não é mais do que uma sequência hipnótica entre mau sono e má ligação. (...) Estou cercado de uma multitude de propostas que visam disfarçar a solidão da vigília. Tudo está ali e é demasiado. A história já não tem caixote do lixo, o esquecimento está desempregado, o desgaste é um conceito antigo. Como deuses, podemos navegar à vontade entre tudo o que, um dia, foi gravado, misturado, produzido, sem se fazer distinção entre o que é recente e o que é antigo. (...) Eis-me engolido”, escreve o autor.
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Em “Submersos”, saído pela Gradiva, Bruno Patino faz isto: pensa na liberdade que ainda podemos ter “num mundo demasiado cheio” dominado pelo algoritmo, esse decisor submerso e sub-humano das nossas escolhas. Houve uma revolução, que ainda está em curso. A IA bombardeia todas as nossas ações - e nós deixamos.
Luciana Leiderfarb
Jornalista
EXPRESSO
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