4 de dezembro de 2024

Neblina

 










Estranho é caminhar na densa névoa:

Solitária está cada planta ou pedra,

Nenhum arbusto enxerga o seu vizinho,

Cada um está só.


Cheio de amigos era, para mim, o mundo

Quando luminosa ‘inda era minha vida;

Agora, que a névoa caiu,

Ninguém mais é visível.


Não é deveras um sábio

Quem não conhece a escuridão

Que, suavemente, nos separa

De tudo inexorável.


Estranho é caminhar na densa névoa:

Viver é estar solitário

Entre gente que se ignora.

Todos estamos sós!


Hermann Hesse

Tradução de Álvaro Cabral

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