Recorte de Imprensa
Não existe um sonho sírio, a Síria não existe. Não é preciso ser cínico para perceber isto. O que chamamos Síria é um território retalhado, dividido, vilipendiado, disputado, torturado e empobrecido, onde um módico de Estado ou autoridade central não existe. Nem uma economia viável, apesar dos recursos energéticos naturais. O petróleo atrai as potências e as petrolíferas, e é um poço negro de ambições onde caem os interesses da região e de fora da região.
A região é o que é, nunca o Médio Oriente, que sempre foi, tal como a velha Síria, disputado e retalhado pelas potências a seguir à I Guerra Mundial, e depois de todas as guerras nacionais e regionais que se seguiram, um lugar maldito. Nunca teve paz, nunca terá paz. Por causa da religião e da fissura entre judaísmo, cristianismo e islamismo, e também por causa, justamente, dos recursos, com o petróleo à cabeça. Basta olhar para o Iraque hoje, terra queimada, para perceber que a Síria tem ainda menos hipóteses de vir a ser um país não direi feliz, pelo menos não tão infeliz.
Durante a tirania de ferro do pai Assad, Hafez al-Assad, período em que a Síria prosperou e Damasco era uma cidade das mil e uma noites, um sonho oriental adamascado, como o nome indicaria, a tolerância religiosa evitou conflitos entre deuses e homens, mas a intolerância política era total e a Mukhabarat, serviços secretos e polícia política, prendia, torturava e dizimava qualquer vestígio de oposição ao clã alauíta. Mas, e seria preciso repetir isto vezes sem conta, as potências deixaram a Síria em paz porque a América tinha um pacto secreto com o tirano, pacto que Israel conhecia nos termos e limites. Ou seja, Assad era informador dos americanos e da CIA, e, indiretamente, de Israel e da Mossad.
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