8 de junho de 2024

Camilo Pessanha, poeta, ensaista e juiz










Floriram por engano as rosas bravas 

No inverno: veio o vento desfolhá-las...

Em que cismas, meu bem? Porque me calas 

As vozes com que há pouco me enganavas?


Castelos doidos! Tão cedo caístes!...

Onde vamos, alheio o pensamento, 

De mãos dadas? Teus olhos, que um momento

Perscrutaram nos meus, como vão tristes!


E sobre nós cai nupcial a neve, 

Surda, em triunfo, pétalas, de leve 

Juncando o chão, na acrópole de gelos...


Em redor do teu vulto é como um véu! 

Quem as esparze _ quanta flor! _ do céu, 

Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?


Camilo Pessanha


É considerado o expoente máximo do simbolismo em língua portuguesa, além de antecipador do princípio modernista da fragmentação. A sua obra influenciou vários escritores como Mário de Sá-CarneiroFernando PessoaWenceslau de Moraes, Sophia de Mello Breyner AndresenEugénio de Andrade.

Wikipédia 

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