2 de agosto de 2024

Outra jóia em Évora



A fundação do Paço de São Miguel remonta à época muçulmana, integrando a alcáçova de Évora, que correspondia à cerca romana e medieval. A ligação deste palácio à história de Évora foi tal que Túlio Espanca o classifica como "o edifício palaciano mais carregado de tradições" da cidade.

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Foi depois comprado pelo lavrador Vicente Rodrigues Ruivo, e, em 1958, foi adquirido pelo Engº Eugénio de Almeida, conde de Vilalva, que reabilitou o palácio que estava muito degradado e ali estabeleceu a sede da Fundação Eugénio de Almeida.

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O interior dos edifícios é de igual valor e interesse: três salas do piso térreo estão cobertas por abóbadas pintadas a fresco pelo mestre Francisco de Campos, que assinou e datou uma delas com "F.O. de C.A.P.V.S., 1578". Trata-se de um conjunto de inspiração mitológica e ao gosto italianizante da época, com figuras avulsas e profusão de flores e frutos, pinturas de ornatos, alegorias triunfais e composições inspiradas nas Metamorfoses de Ovídeo, segundo estampas maneiristas flamengas e, num dos casos, celebrando a conquista de Túnis, em 1535, onde tomou parte o 2º conde de Basto.

Estas pinturas constituem um dos mais importantes conjuntos decorativos do país, raras não apenas pela qualidade da sua execução, mas igualmente pela grandiosidade do conjunto, pela temática profana apenas possível numa encomenda particular e visivelmente erudita, e pela sensualidade e paganismo de alguns motivos.

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