21 de dezembro de 2025

Ricardo Costa opina


poucas frases mais batidas e inúteis do que o velho “temos o que merecemos”. Mas a semana mais decisiva da História recente da União Europeia mostra-nos essa banalidade por qualquer ângulo.

Três anos depois do início da guerra na Ucrânia, da obrigação de mudar de política energética e de Defesa, e um ano depois da reeleição de Donald Trump continuamos hesitantes e divididos, enquanto Moscovo, Pequim e Washington se realinham nas suas esferas de influências.

Espero que a vigésima terceira hora nos traga boas ou razoáveis notícias. Mas a imagem de um gigante enredado na sua teia já ficou clara. E todos sabemos que, infelizmente, emergirá na próxima crise ou decisão crítica.

O caso do acordo de comércio com o Mercosul é o exemplo mais absurdo. Negociado há duas décadas (!), ganhou uma importância vital com as tarifas e incerteza dos EUA. Apesar de ser vital, por criar uma zona gigante de comércio livre, alguns Governos europeus tremem com o que podem ser prejudicados, em particular na pecuária.

O essencial do “problema” europeu está na indisponibilidade para encarar perdas. Qualquer transformação energética, militar, comercial ou produtiva tem perdas. Mas tem também ganhos e é nesse deve e haver que temos de nos concentrar. Um acordo comercial com Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai tem enormes ganhos para a UE.


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