5 de dezembro de 2022

Advento, segundo Tolentino

 

Advento.

Tempo de espera. Não apenas de um dia, mas daquilo que os dias, todos os dias, de forma silenciosa, transportam: a Vida, o mistério  apaixonante da Vida que em Jesus de Nazareth principiou.

 

Advento, tempo de redescobrir a novidade escondida em palavras tão frágeis como "nascimento", "criança", "rebento".

 

Advento, tempo de escutar a esperança dos profetas de todos os tempos. Isaías e Bento XVI. Miqueias e Teresa de Calcutá.

 

Advento, tempo de preparar, mais do que consumir. Tempo de repartir a vida, mais do que distribuir embrulhos.

 

Advento, tempo de procura, de inconformismo, até de imaginação para que o amor, o bem, a beleza possam ser realidades e não apenas desejos para escrever num cartão.

 

Advento, tempo de dar tempo a coisas, talvez, esquecidas: um se perguntar: "há quantos anos, há quantos longos meses desisti de renascer?"

 

Advento, tempo de rezarmos à maneira de um regato que, em vez de correr, escorre limpidamente.

 

Advento, tempo de abrir janelas na noite do sofrimento, da solidão, das dificuldades e sentir-se prometido às estrelas, não ao escuro.

 

Advento, tempo para contemplar o infinito na história, o inesperado no rotineiro, o divino no humano, porque o rosto de um Homem nos devolveu o rosto de Deus.

 

| P. José Tolentino Mendonça

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