31 de maio de 2024

A Casa Rouca



Ficara o galo, sobrevivência da ruína.

Rouco o seu canto.

Canto que não parecia mais de galo, 

senão a própria voz da casa abandonada. 

Casa rachada ao sol, aluindo-se ao vento de chuva.

Não mais agora figuras humanas entrando;

apenas lagartixas e morcegos para recepção às sombras.

Casa rouca submersa no matagal, teu galo ficou.

E o seu canto perdeu o timbre de sol, já não inaugura os dias. 

E se fez adequado aos estragos do reboco, 

à podridão das esquadrias – última secreção de paredes gemidas.


Galo rouco. Casa rouca. 



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