22 de maio de 2024

Língua Portuguesa

Soneto "Língua Portuguesa" 

de Olavo Bilac  🌾


Última flor do Lácio, inculta e bela, 

És, a um tempo, esplendor e sepultura: 

Ouro nativo, que na ganga impura 

A bruta mina entre os cascalhos vela... 

Amo-te assim, desconhecida e obscura. 

Tuba de alto clangor, lira singela, 

Que tens o trom e o silvo da procela, 

E o arrolo da saudade e da ternura! 

Amo o teu viço agreste e o teu aroma 

De virgens selvas e de oceano largo! 

Amo-te, ó rude e doloroso idioma, 

Em que da voz materna ouvi: "meu filho!", 

E em que Camões chorou, no exílio amargo, 

O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


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Língua  🌻

Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões

Gosto de ser e de estar

E quero me dedicar a criar confusões de prosódia

E uma profusão de paródias que encurtem dores

E furtem cores como camaleões

Gosto do Pessoa na pessoa

Da rosa no Rosa

E sei que a poesia está para a prosa

Assim como o amor está para a amizade

E quem há de negar que esta lhe é superior?

(E quem há de negar que esta lhe é superior?)

E deixe os Portugais morrerem à míngua

Minha pátria é minha língua

Fala Mangueira! Fala! 


Flor do Lácio Sambódromo

Lusamérica, latim em pó

O que quer, o que pode esta língua?

...

A língua é minha pátria

E eu não tenho pátria, tenho mátria

E quero frátria

...

Caetano Veloso 

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