27 de maio de 2024

De porta em porta (poesia)

 


De Porta em Porta


– Quem? O infinito?

Diz-lhe que entre.

Faz bem ao infinito

estar entre gente.


– Uma esmola? Coxeia?

Ao que ele chegou!

Podes dar-lhe a bengala

que era do avô.


– Dinheiro? Isso não!

Já sei, pobrezinho,

que em vez de pão

ia comprar vinho…


– Teima? Que topete!

Quem se julga ele

se um tigre acabou

nesta sala em tapete?


– Para ir ver a mãe?

Essa é muito forte!

Ele não tem mãe

e não é do Norte…


– Vítima de quê?

O dito está dito.

Se não tinha estofo

quem o mandou ser

infinito?


Alexandre O'Neill 

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