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Se for preciso meto dentro as portas…
Sim — eu franzino e civilizado,
meto dentro as portas,
Porque neste momento
não sou franzino nem civilizado,
Sou EU,
um universo pensante de carne e osso,
querendo passar,
E que há-de passar por força,
porque quando quero passar sou Deus!
Tirem esse lixo da minha frente!
Metam-me em gavetas essas emoções!
Daqui p’ra fora, políticos, literatos,
Comerciantes pacatos,
polícia, meretrizes, souteneurs,
Tudo isso é a letra que mata,
não o espírito que dá a vida.
O espírito que dá a vida
neste momento sou EU!
Que nenhum filho da puta
se me atravesse no caminho!
O meu caminho é pelo infinito fora
até chegar ao fim!
Se sou capaz de chegar ao fim ou não, não é contigo, deixa-me ir...
É comigo, com Deus, com o sentido-eu da palavra Infinito...
Prá frente!"
Álvaro de Campos
(trecho do poema Saudação a Walt Whitman)
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