O debate, o famoso debate. Já tudo foi escrito sobre o duelo Biden/Trump. Por trás das aparências, um velho guerreiro vencido por um velho vicioso que nas andanças políticas é um novo guerreiro, nascido praticamente em 2016, o que aconteceu perante os olhos do mundo foi a morte da política do século XX. Ou, se quiserem, de um certo modo de fazer política que durante décadas obedeceu aos mesmos códigos e regras de civilidade e urbanidade. Aceitar a derrota com cortesia, cumprimentar o adversário e respeitá-lo, tentar não mentir mais do que o essencial e não insultar ou caluniar. Ostentar e praticar convicções ideológicas, que se dividiam, grosso modo, entre esquerda e direita. E, como nos dez mandamentos, não invocar o nome de deus em vão.
E o velho mundo liberal, nascido das cinzas de duas guerras mundiais, reconstruído com base na boa vontade internacionalista e na identificação de causas comuns, quando a política era uma vocação e um modo de tornar a vida melhor para toda a gente e redistribuir riqueza, fechando os impérios com a chave pós-colonial, ainda não percebeu o que lhe aconteceu.
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Clara Ferreira Alves
EXPRESSO
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