16 de novembro de 2025

Recomendação


 “As Três Mortes de Lucas Andrade” iam-me passando ao lado. Comprei casualmente o livro de Henrique Raposo, para ficar agarrado à sua panóplia de personagens, que descrevem uma realidade que desconhecia. Há mundos que não são explicados pelas ciências sociais nem descritos pelas suas estatísticas. Só a ficção nos faz viver algumas vidas. Hoje percebo melhor Portugal graças a Lucas Andrade, à sua família, aos seus amigos e inimigos.



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Ainda antes da sua publicação, foi a capa que me convenceu a ler 
As Três Mortes de Lucas Andrade. A misteriosa sinopse revelava que o romance faria a intersecção de muitas das minhas áreas de interesse: a morte, o suicídio, a pobreza.

A escrita, irrepreensível, é eclipsada pela riqueza da narrativa. Cada personagem encerra um mundo em si mesma: imprevisíveis, cheias de segredos, ambiguidades, falhas e arrependimentos, apaixonantemente humanas, suscitando oscilações dramáticas nos afetos de quem lê, entre o amor, a raiva, o desprezo e o ódio, sentimentos desde logo despoletados pelo (anti-)herói. Constrói-se uma relação pessoal com cada uma das “vidas” do protagonista, que correm separadamente nos quatro livros que compõem a obra.

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FRANCISCA SOROMENHO


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