Olá. Chamo-me Ventura. André Ventura. Estou aqui por uma razão: amo Portugal. Se algum defeito tenho, e duvido que tenha, é o de amar Portugal demasiado. Primeiro e acima de tudo. Portugueses first. Esta frase fui eu que inventei, porque estou farto de mentirosos. Estou aqui e em meu nome pessoal para ser candidato a Presidente da República. Não porque precise, não preciso disto para nada, porque acho que devo e porque os outros são todos um bando de corruptos e ladrões e estou farto de ladrões e corruptos no meu país. O país é meu e faço dele o que quero. Quero ser primeiro-ministro e quero ser candidato a Presidente de República, e se me deixarem serei as duas coisas.
Se uma coisa a História de Portugal nos mostra é que só precisamos de um almirante de cada vez, mas se o almirante quisesse seria o meu almirante em Belém e seria um bocado como o almirante Tomás, que descanse em paz. Não quis o infeliz, pior para ele, vai para a reserva. Não que eu me lembre do almirante Américo Tomás, não era nascido, eu nem no 25 de Abril era nascido, e querem à força, a esquerdalhada que estou farto de aturar e são todos um bando de corruptos e ladrões, que ande de cravo ao peito feito parvo. Não estava cá. Acho muito bem, ou acho muito mal, mas não posso celebrar uma coisa que nunca vi.
Salvou-nos da liberdade, mais nada. Espera aí, não, quero dizer, salvou-nos a liberdade. Enganei-me. Deem-me uma oportunidade. Vocês andam aqui há 50 anos e nunca fizeram nada, eu em cinco meses fiz um partido. Vou dar cabo dos corruptos e ladrões dos portugueses. Amo os portugueses, amo muito os portugueses, acho que são um povo escolhido a dedo, mas não amo os corruptos e os ladrões, embora suspeite que muitos portugueses, a maioria, são corruptos e ladrões.
E também detesto pedófilos, mesmo os que andam pelo meu partido. Castração química para todos, mesmo os do meu partido, desde que sejam apanhados. Eu, ao contrário dos outros candidatos, aplico a lei, ajo, expulso-os. Vai roubar malas para outro aeroporto, embora isto das malas seja um episódio sem importância, não é pior do que andar a roubar o país como vocês andam há anos e é uma pouca-vergonha. Ele rouba trapos para vender, coitado, vocês roubam malas de dinheiro, malas de dinheiro para cá e para lá. Quem é mais ladrão? Vocês, os portugueses, mas não todos, apenas os portugueses que eu não amo. Querem reformar a Justiça? Reformem-se primeiro, mas não com pensões milionárias de três mil euros, não, reformem-se com o salário mínimo, que é o que deviam ganhar todos os políticos. Quanto é o salário mínimo? Não sei bem, sei minimamente que chega e sobra para um bando de corruptos e ladrões.
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